COMO UM JOGO INFAME E IGNÓBIL LEVOU A QUE O VITÓRIA PENSASSE ACABAR COM AS CAMADAS JOVENS...

Aquela temporada de 1995/96 tinha tudo para ser inesquecível. A equipa sénior, depois de uma má primeira volta, sob o comando de Jaime Pacheco fizera uma segunda parte de temporada imparável, garantindo mais um apuramento europeu. A equipa de iniciados estava apurada para a final do seu campeonato, enquanto a de juvenis tinha o apuramento para a fase decisiva da sua prova plenamente encaminhada... a não ser que acontecesse algo de nunca visto.

Porém, o futebol português será sempre pródigo em situações estranhas. Na verdade, no dia e à hora em que a equipa de iniciados Conquistadora fazia história em Miranda do Corvo, a equipa juvenil vitoriana travava a batalha para chegar à fase decisiva da sua categoria. Em igualdade pontual com o Boavista, mas em vantagem nos golos marcados e sofridos, tudo parecia encaminhado para a equipa conseguir o seu objectivo, ainda para mais a receber em casa a Académica de Coimbra enquanto os axadrezados deslocavam-se a Penafiel... que na primeira volta do campeonato haviam conseguido empatar no Bessa.

Porém, o inesperado sucedeu. O Vitória, apesar de ter vencido a equipa coimbrã por quatro bolas a uma, ficaria de fora da fase decisiva, pelo facto do seu principal concorrente ter conseguido triunfar....por dez bola a zero, o que lhe permitiu ultrapassar o conjunto vitoriano na diferença de golos marcados e sofridos.

De imediato, a indignação alastrou no seio do Vitória. Como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 21 de Junho de 1996, sob o título "A Vergonha", "O que aconteceu no passado Domingo em Penafiel foi algo que tem de ser banido do desporto e do futebol português. Já existiam denúncias acerca de situações estranhas nos bastidores... O Professor Manuel Machado pareceu-nos ser a pessoa que sempre desconfiou de que algo de grave iria acontecer. Porque foi quem nos deu as pistas e também porque teve o cuidado de ir ver o jogo, embora com muita pena de não estar presente na final de Miranda do Corvo."

A fundamentar a indignação vitoriana, como o dirigente do futebol juvenil vimaranense, Augusto Ramos, confidenciou à referida publicação, "O Penafiel jogou com uma equipa sem os titulares habituais. O treinador estava deitado a dormir no banco de suplentes numa ostensiva demonstração de desinteresse pelo que estava a passar-se. O jogo terminou mais tarde cinco minutos e se fosse preciso o Boavista marcava 10 como 15 golos. Por isso marcaram 4 golos depois de saberem o nosso resultado..."

Por isso, apesar da desilusão, urgia agir. De imediato, foi marcada uma conferência de imprensa onde se denunciou o sucedido e foi aventado, como Pimenta Machado referiu, acabar mesmo com os escalões de formação. Felizmente, apesar da infâmia de que o Vitória foi alvo, tal decisão não foi em frente...

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