Numa altura em que a SAD do Vitória é um dos temas do dia, fruto da entrada da VSports no capital societário, importará recordar as primeiras vezes que uma sociedade desportiva entrou na actualidade do clube.
Estávamos em 1999 e os clubes portugueses sacudiam-se na ânsia de investimentos alternativos que fizessem frente à agónica situação financeira que viviam. Com efeito, fruto do Decreto-Lei nº67/97 que regulava as sociedades anónimas desportivas, o chavão SAD passava a fazer parte do léxico dos adeptos do futebol português.
O Vitória não seria excepção. O presidente Pimenta Machado, em combate eleitoral contra o candidato José Arantes, lançava o tema na campanha. Assim, apesar de se afirmar contra o modelo, reconhecia que a inexistência de um modelo empresarial no clube, levava a que o Vitória perdesse força competitiva para os demais concorrentes, piscando o olho aos empresários vimaranenses para ajudarem a abraçar o projecto.
Mais do que isso, resolveu envolver a Câmara Municipal no projecto, algo que o, então, líder da autarquia não descartou, apenas, pedindo contrapartidas ao nível da responsabilidade.
Seria mesmo criada uma comissão para acompanhamento da constituição da SAD composta pelo próprio presidente, Pedro Xavier, Raúl Rocha, Domingos Bragança, actual presidente da Câmara, António Fernandes, António Castro e Miguel Cardoso, que fizera parte da lista de Arantes e pai do actual presidente do Vitória, António Miguel Cardoso. O projecto apresentado previa que o Vitória ficasse com 40% do pacote accionário, subscrevendo títulos no valor de 1,2 milhões de contos (6 milhões de euros na moeda atual) e a autarquia com 10% que representariam 300 mil contos (1,5 milhões de euros).
Porém, o projecto seria suspenso, com Pimenta a anunciar que a Câmara não pretendia avançar, o que fez Magalhães responder que a autarquia não houvera recebido qualquer proposta formal.
Tal seria o travão do projecto, para ser retomado na próxima campanha eleitoral, a derradeira que Pimenta participou. Nesta, defendia que a SAD deveria ser constituída, mas mantendo o Vitória a maioria das participações.
Mais uma vez, o projecto não iria ganhar vida...sendo, apenas, em 2013, sob o comando de Júlio Mendes que o Vitória haveria de constituir a sua sociedade desportiva.