A VIAGEM À BÉLGICA POR CAUSA DE LUA E COMO JOÃO DA COSTA FICOU EM TERRA POR CAUSA DE UMA CONFUSÃO COM A TAP...

O ano de 1964/65 foi uma temporada de vários contactos internacionais para o Vitória, ainda que não se tivesse apurado para as competições europeias.

Assim, depois da já mencionada digressão aos Estados Unidos para participar no Torneio Internacional de Nova York, o Vitória, de enfiada, viajou rumo à Bélgica para um inesquecível jogo.

Tratava-se, afinal, de uma partida negociada aquando da transferência do avançado brasileiro, Lua, que houvera sido contratado pelos Conquistadores na temporada de 1962/63 e que, após 15 golos em 20 partidas, fora vendido aos belgas do RW Molenbeek por bom dinheiro.

Assim, passada uma época da sua partida, e fruto do acordo estabelecido entre as direcções, rumou o Vitória a Bruxelas para enfrentar a equipa que o contratara. Porém, uma viagem que terá sido a "ida pela vinda" como o cronista Um de Nós relatou no Notícias de Guimarães, destaque, desde logo, para a atribulada viagem rumo a Lisboa, onde o Vitória devia apanhar o avião que o levaria até à capital da Bélgica, sem que os Conquistadores tivessem alguma culpa no sucedido.

Tal como é narrado no Notícias de Guimarães de 30 de Agosto de 1964, "saiu-se de Guimarães com precisão cronométrica. Estava-se nas Pedras Rubras, com hora antecipada. Mas, ali uma decepção apareceu prestes: não havia carreira aérea para Lisboa. Uma partidinha da TAP...."

Com a viagem quase a ficar inutilizada por indisponibilidade de meios, arranjou-se uma solução. A comitiva deveria ir até à estação de São Bento em autocarro, para aí apanhar um comboio que a levasse até à capital do país, de onde voaria rumo ao destino.

Porém, ainda não seria aí que as surpresas haveriam de cessar. Com efeito, o defesa João da Costa esqueceu-se do seu passaporte no autocarro que levou o Vitória até ao comboio, não podendo, por isso, acompanhar os seus colegas de equipa na digressão. Como escreveu o cronista, "convém dizer-se que não se compreende a negligência da TAP. Provou menosprezo pelos seus passageiros, deu azo a pensar que só por monopólio é possível o abuso. Não fossem os cuidados posteriores da Sabena, companhia que emitiu as passagens, e, talvez, não pudéssemos satisfazer um compromisso."

Chegado a Bruxelas, o Vitória rumou ao Estádio de Fallon, casa do RW, o Vitória realizou uma partida "do mais elevado mérito. Recolheu, assim, alongados aplausos, merecendo do público assistente ao prélio e da crítica local os mais francos elogios que se possam imaginar. (...) O Vitória deixou ali nome, criou mesmo tal reputação, que não será surpresa se, em breve tempo, houver renovado convite para reprise do seu quadro no simpático país donde acabou de regressar."

Na verdade, os Conquistadores a alinharem com Roldão; Caiçara, Manuel Pinto, Virgílio, Daniel; Peres, Inácio; Paulino, Rodrigo, Mendes e Castro, venceriam por duas bolas a uma com golos de Peres e de Mendes. Para o adversário, seria Lua a apontar o golo de honra, num momento em que, mais uma vez, os antigos jogadores vitorianos eram capazes de facturar contra os Conquistadores...coisas que nunca mudarão!

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