A PRIMEIRA GRANDE MANIFESTAÇÃO DO REGRESSO DE UM GRANDE VITÓRIA, NAS ASAS DE UM GENIAL BRASILEIRO CHAMADO CARLOS ALBERTO

O Vitória houvera passado três anos na segunda divisão para regressar ao escalão maior do futebol nacional na época de 1958/59.

Tendo perdido o treinador do sucesso, Fernando Vaz, resolveu apostar em Mariano Amaro no sentido de dar estabilidade à equipa. Contudo, a primeira imagem, leia-se primeira jornada no Estádio da Luz, perante o Benfica, foi penosa com os Conquistadores a serem derrotados copiosamente por sete bolas a zero. Um descalabro capaz de alarmar todos os vitorianos, com a possibilidade da equipa não ser tão competitiva quanto se esperava.

A piorar o cenário, o facto da segunda jornada ser contra o Belenenses de Vicente, Iaúca e Matateu e treinado por... Fernando Vaz, que abandonara o Vitória aliciado pelo projecto da Cruz de Cristo. Um desafio difícil e que em que os Conquistadores pelo facto do adversário ser uma das melhores equipas nacionais, por terem estrelas como as mencionadas e pelo facto de estarem de regresso após três anos no segundo escalão, não poderiam ser considerados favoritos.

Porém, nesse dia a alinhar com Sebastião; Virgílio, Daniel; Silveira, João da Costa, Vaz; Edmur, Carlos Alberto, Rola, Ernesto e Bártolo, o Vitória foi absolutamente extraordinário. Na verdade, como referiu o Notícias de Guimarães datado de 28 de Setembro de 1958, "a breves trechos, já os simpatizantes do Vitória tinham esquecido a recordação amarga da estreia do grupo no Nacional. A equipa que evolucionava na Amorosa não poderia ter sofrido sete golos sem resposta, senão por mero acidente do jogo."

Tal ficaria confirmado, logo aos cinco minutos, quando Edmur, em estreia caseira pelo clube do Rei, estreou-se a marcar, já depois de ter desperdiçado outra oportunidade, após fabulosa jogada de envolvimento com Carlos Alberto. Nas bancadas de madeira do recinto "confirmaram-se de vez as previsões que andavam no ar, entre os Vitorianos: os brasileiros do Vitória são homens para fazer miséria."

Miséria essa que continuaria no decorrer do jogo, com especial destaque para o festival de Carlos Alberto, que apontaria, de grande penalidade, o segundo tento dos Conquistadores, logo no início da segunda parte. Um verdadeiro recital que levaria a que "sempre que a bola chegava junto de Carlos Alberto, o público ficava suspenso dos pés do excelente jogador. E ele, como que adivinhando a expectativa, correspondia sempre: agora um drible desconcertante, logo uma finta portentosa, depois um passe perfeito; em suma: um espectáculo, usando um curioso termo brasileiro, um show."

O Vitória haveria de fechar a contagem noutro golo de Edmur, levando a que "os meios desportivos do país receberam com espanto o score do Vitória-Belenenses", de pouco valendo as recriminações e justificações de Fernando Vaz que, desiludido com o resultado, atirou todos os argumentos, menos o óbvio: levara um banho de bola, num dia em que Carlos Alberto deu o seu primeiro grande recital de Rei ao peito.

Postagem Anterior Próxima Postagem