Aquele final de ano de 1925 ficou marcado por um marcante e inesquecível acontecimento.
Bastará consultar o jornal A Ortiga de 25 de Dezembro de 1925, para percebermos o que houvera ocorrido nessa data em Guimarães: a inauguração de um espaço que se pretendia que fosse uma pedrada no charco no panorama vimaranense, o Café Oriental.
Aí, considerava-se que era "um luxuoso e aprazível estabelecimento, que veio preencher uma grande lacuna que há muito se notava em Guimarães." Uma lacuna que o Ecos de Guimarães de 19 de Dezembro desse ano, defendia que "é sem dúvida um grande melhoramento para a cidade e uma maravilha do engenho e da arte, em que mais uma vez se revela o génio do grande artista, Snr. Capitão Luiz de Pina, nosso ilustre patrício."
A decoração, essa, era capaz de surpreender qualquer um. Na verdade, "em raro e formoso estilo, através do qual perpassam alguns milhares de séculos da história egípcia, fica sendo o primeiro, no género, e um dos melhores, pelo seu conforto e elegância, existentes em Portugal."
Quanto à inauguração, propriamente dita, "foram levantados alguns brindes de louvor à simpática e bairrista iniciativa e de regozijo pelas prosperidades futuras..."
Por isso, o Ecos de Guimarães congratulava-se que "já temos um café para toda a sorte e condições de gente vária. Que hoje em dia, um Café representa, em grosso estilo, uma das mais caras conquistas da democracia. Se na hora augusta em que foi arrazada a Bastilha uma voz do povo gritou, em desforra, aqui dança-se, parafraseando-a podemos em farófia gritar: aqui cafezeia-se!"
Por isso "toma, pois, este braço caro leitor, deixa o teu hábito de bicho de buraco; dá-te uns ares mundanos, meios graves e meios irónicos, e vamos lá ao Oriental, se queres ser do bom tom; da boa roda; andar nas vozes; ter fumos de importância, gosar, numa palavra, fama de persona culta, inteligente e estares na berlinda dos candidatos."
Guimarães parecia dar passos em direcção à modernidade...