Estávamos a 03 de Março de 1956...
Numa tarde de Sábado, um evento prendia a atenção dos vimaranenses: a inauguração da terraplanagem no local onde se deveria erguer o novo estádio do Vitória.
Com efeito, a Amorosa, solução provisória após o Benlhevai ter sido considerado inapto para a prática de partidas do principal escalão do futebol português, era ideia comum que não servia para o Vitória. Não permitia o seu desenvolvimento e crescimento. Por isso, desde muito cedo, foi encetada a luta para o Vitória ter um estádio digno do seu estatuto, ficando na memória a intervenção de António Faria Martins, aquando da inauguração da história sede da Rua D.João I, a 12 de Julho de 1948, em que exortou à construção de um novo estádio...dois anos, apenas, da Amorosa ter recebido o seu primeiro jogo.
Seria um processo longo que teria o seu apogeu em 1965, quando a equipa, por imposição governativa, sem que o estádio estivesse concluído, recebeu no início desse ano, o Belenenses... dezassete anos, portanto, após a ideia ter sido apresentada pela primeira vez ao grande público.
Assim, falamos de um processo longo, que teve um momento marcante nesse início de Março de 1956, levando a que o Comércio de Guimarães, datado do dia 09 desse mês, do ano de 1956, escrevesse que "centenas de vimaranenses se deslocaram para junto do Campo da Amorosa, onde ia fazer-se a inauguração da terraplanagem do Estádio Municipal, que num espaço mais ou menos longo, se deve erguer naquele local."
Tratou-se, pois, de uma verdadeira festa em que estiveram presentes as mais altas individualidades concelhias e em que o momento mais emocionante sucedeu quando "a Banda das Oficinas de São José tocou o Hino da Cidade, após o que o snr. Eng. Alberto Costa, em nome da Direcção do Vitória Sport Clube, saudou o Snr. Presidente da Câmara, a quem agradeceu, como vimaranense e como desportista, os seus aturados esforços para que se tornasse possível a realização de um sonho em que se vive há longos anos."
Destaque, ainda, para a resposta do Presidente da autarquia, que "vivamente emocionado, manifestou a sua alegria, pelo acto que estava a realizar-se. Para que se tornasse realidade, não se poupou a canseiras nem a esforços, disse, dando-se assim um exemplo de perseverança e uma resposta aos que julgavam que esta obra não mais se realizaria. (..) Guimarães continuou deve muito ao Vitória, que leva o seu nome pelo país. (...) Terminou erguendo um viva a Guimarães..."
O estádio começava o seu processo de construção, ainda que, fruto de avanços e recuos, só recebesse o seu primeiro desafio, quase nove anos depois, e estando por concluir... mas, isso, será outra história!