COMO UM ÁRBITRO E TODO O AZAR DO MUNDO OBRIGARAM O VITÓRIA A PASSAR MAIS TEMPO DO QUE O DESEJADO NA SEGUNDA DIVISÃO!

Aquele primeiro ano de Segunda Divisão não fora um passeio!

Na verdade, a temporada de 1955/56 fora disputadíssima, com os Conquistadores de Fernando Vaz a serem incapazes de garantirem a promoção automática ao principal escalão do futebol português, perdendo essa posição para o Oriental.

Fariam os "mínimos olímpicos", com a equipa a apurar-se para os denominados "Jogos de Promoção" que opunham os segundos classificados da fase de promoção da Segunda Divisão com o penúltimo posicionado da tabela da primeira divisão que era a Académica.

Assim, a 17 de Junho de 1956, na Amorosa, a equipa constituída por Silva; Virgílio, Silveira, Cerqueira; Cesário, Rosato; Benje, Rinaldo, Rola, Lutero e Ernesto teve a apoiá-la "a maior enchente de todos os tempos!", segundo o Comércio de Guimarães da data.

Porém, determinante na partida seria o juiz da AF Lisboa, já depois do golo inaugural de Ernesto em que "o delírio foi enorme num espectáculo digno de presenciar-se", teria papel decisivo na partida. Contudo, na segunda metade, ainda que com o Vitória a remeter-se à defesa, "quase no final, na grande área da Académica, onde se travava gigantesca luta, surgiu um descarado penalty a favor dos locais. O árbitro, porém, deliberou não o marcar, apesar da evidência flagrante da falta. (...) O público protestou e houve até, que heroísmo, um repórter fotográfico, que desceu para o campo, tentando fotografar os mais exaltados."

Os estudantes, aproveitando o descontrolo vitoriano, haveriam de empatar a contenda, para deixar tudo em aberto para Coimbra, muito por culpa da inusitada decisão da arbitragem que já na primeira parte houvera decidido um lance muito duvidoso em prejuízo do conjunto vitoriano.

Por isso, o jornal concluía que "Vamos Domingo a Coimbra. Estamos certos que o Vitória esquecerá o deslize que lhe tirou possibilidades de merecido triunfo para jogar com alma, fé, desportivismo e calma. Vamos a Coimbra decididos a trazermos o merecido troféu. E, que não se esqueça que o ataque é a melhor defesa!"

Porém, em Coimbra, no velho Calhabé, tudo sucederia de modo inverso ao desejado. A equipa treinada por Fernando Vaz perderia por uma bola a zero, num dia em que "lutou contra o ambiente e contra a sorte." Agravavam estes factos "as más arbitragens, outras, pelo afastamento de titulares lesionados, que lhe faziam falta." Além disso, o facto da equipa ter actuado por muito tempo com dez jogadores, por lesão de um elemento, que ainda tornou mais difícil a empreitada.

O Vitória "caiu mas caiu de fronte erguida e os seus atletas lutaram com uma tenacidade e espírito de sacrifício raras vezes igualado." Porém, iria ter de esperar para consumar o ansiado regresso ao principal escalão do futebol português!

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