Terá sido um dos maiores revolucionários do futebol jovem vitoriano.
Augusto Barreira, na década de 60, foi o ideólogo da organização da cantera do clube, ainda que em entrevista ao jornal do Vitória, em 1968, assumisse, ao contrário do que actualmente sucede, ter um campo de recrutamento bastante reduzido que, "como é óbvio nos traz grandes dificuldades no preenchimento das respectivas categorias de juvenis, ao contrário do que acontece com as grandes colectividades do país."
A confirmar essas dificuldades, como o próprio reconhecia, as equipas de juniores, daqueles tempos, eram "quase na sua totalidade elementos vindos dos juvenis." Acresce, ainda que "o mesmo se passa em relação à equipa de Juvenis, de que somente um elemento era jogador da categoria da época anterior."
Apesar dessas dificuldades, o seu trabalho era comprovado por alguns jovens que conseguiram chegar à equipa principal. Ele mesmo os enumerava, referindo que "acima de todos destaco Gualter que é, quanto a mim, o melhor lateral português. Depois Artur, Bomba, Ribeiro, Pimenta, etc...", na certeza que, apesar das dificuldades reconhecidas, o Vitória fazia um trabalho digno de aplausos, servindo as camadas jovens de fonte municiadora da equipa principal.
Assim, procurava projectar o futuro vitoriano, defendendo que "creio que o Vitória poderia concorrer com mais de uma equipa em cada categoria." Ainda que reconhecesse que isso haveria de trazer maiores despesas ao clube, "como um acréscimo de trabalho", comprometia-se a "sacrificar-se ao máximo para bem do nosso Vitória."
A denotar tanta preocupação e dedicação ao clube, ainda, tinha a consciência que era necessário "fazer um apelo à massa associativa do Clube para que nos jogos a que assistam manifestem aos jovens jogadores do nosso Clube o seu incondicional apoio", bem como "se lembrem que esses jovens são na sua totalidade amadores puros (alguns com manifesto prejuízo das suas vidas profissionais e deveres escolares) e que não são jogadores feitos."
Com tanta dedicação e apego ao trabalho, haveria de merecer o prémio de Trabalhador do Ano de 1974, uma distinção dada pelo Mundo Desportivo, que em 1972 coube a Antero Henriques da Silva Júnior e em 1973 à, então, jovem esperança vitoriana, Abreu.
Valerá a pena reproduzir o elogio vertido no referido periódico:
"Quantas vezes sucede a quem muito trabalha pouco se tornar conhecido e apreciado. Mas desta feita apraz-nos a oportunidade de fazer justiça elegendo para esta rubrica um nome que poucos conhecem mas que sabemos bem trabalhar muitíssimo em prol do futebol, ao nível utilíssimo das bases: AUGUSTO BARREIRA, técnico do sector juvenil do Vitória de Guimarães, seu antigo jogador de mediana bitola, uma dedicação impressionante em prol da gente moça minhota, tornando-se municiado da 1ª categorias com jovens hábeis e aptos como Abreu, Alfredo, Machado, Fernandes e outros, saídos das equipas que Augusto Barreira, laboriosamente, sem limites de horas, sem pompas nem esquecer aplausos, prepara desde há vários anos. O que dele sabemos, na modéstia rentável do seu labor, chega-nos bem para a escolha que efectuamos, citando-o como o trabalhador do ano."
Um trabalhador incansável que como o antigo jogador Abreu referiu, "era Treinador, Preparador Físico. Treinava os Guarda Redes, era Enfermeiro, psicólogo, e até Médico. O Sr Barreira fazia tudo isso com extrema dedicação." e, mais do que isso, lançou as bases para uma geração seguinte que teria êxito na sua missão de preparar os jovens vitorianos, onde Valdemar Custódio se terá distinguido.
Ninguém duvide estarmos a falar de um homem importantíssimo no semear dio futuro vitoriano...
