I - O Vitória, ontem, aprovou o seu relatório e contas referentes a 2024/25. Uma aprovação mais pacífica do que o esperado, mas que comprovou que a direcção de António Miguel Cardoso continuar a deter um capital de confiança digno de registo junto da maioria dos sócios, ainda que tenha sido alertada para os perigos do caminho trilhado pelos sócios que tomaram a palavra e não tenha sido capaz de tranquilizar quem quer que fosse.
II - Confesso que entrei na sala com a intenção de abster-me, ou até votar a favor do mesmo. Isto porque todos sabemos que as contas reflectem o ano do clube e neste relatório isso estava explicado, ainda que não pudéssemos gostar (como não gostava) de alguns números. Mas, acreditava, firmemente, que os números mais satisfatórios, provenientes de receitas extraordinários iriam ser confirmados, mas, acima de tudo, ir-se-ia olhar o modo como tornar esses proventos em correntes, estruturando o clube, preparando-o para o futuro e dando-nos a garantia que não iríamos estar dependentes da álea, dos eventos posteriores e incertos.... como, qualquer um de nós deve projectar as respectivas vidas!
III - Porém, tal não aconteceu. Continuamos no mesmo perigoso caminho! Um caminho dependente da rentabilização máxima de activos como solução única. É verdade que todos os clubes têm de vender até os mais abastados financeiramente. Mas, numa situação de 74 milhões de euros de passivo, com 59 deste sendo corrente, era preciso um pouco mais. Era preciso um plano bem medido de reestruturação do clube. Era preciso demonstrar soluções para além do endividamento a entidades terceiros. Era necessário demonstrar a capacidade de gerar soluções para além da MSD. Era preciso ser "primus inter pares", ao invés de colocar o "fardo" no talento de miúdos ainda imberbes, que não têm a montra da Liga das Conferências, nem, infelizmente, já têm o calo de Manu, de Jota ou Alberto que no ano passado geraram Euromilhões.
IV - E, tudo isso, também, não aconteceu. Quem gosta do Vitória não pôde ficar descansado como o futuro foi projectado. Era preciso mais! Por isso, votei contra. Não pelas contas estarem mal, que não estão e reflectem a realidade do clube. Não por ser um adepto do reviralho e da instabilidade...pelo contrário! Porque estes números, para além dos factores aleatórios e da pequena reestruturação de dívida que poderá surgir, exigem medidas de fundo. Um plano bem gizado que seja capaz de salvar o clube dos "cuidados intensivos". Porque como alguém disse, "quando cá chegamos estávamos em coma, agora estamos nos cuidados intensivos." E, por isso, podemos continuar dependentes de factos incertos em vez de ministrar a medicamentação certa? Era, por isso, urgente a apresentação de um plano de fundo fosse ontem, fosse nos próximos dias... o que, assim, não ocorrerá!
V - Além disso, justificou-se muita coisa com mandatos de outros presidentes. Comparou-se com o feito no anterior mandato. Ora, António Miguel Cardoso já foi avaliado pelo anterior mandato nas eleições de Março passado. Teve um resultado brilhante e esclarecedor. Por isso, de pouco interessará isso. Foi avaliado pelo passado, sendo certo que, caso se candidate às próximas eleições (esperando que não saia no próximo mês de Maio, pois, seria sinal que o Vitória não conquistou o quinto lugar), será analisado sobre um prisma diferente: a sua capacidade de lançar bases para o futuro, deixando um clube melhor do que o que recebeu. E, isso, honestamente, foi, ontem, incapaz de nos deixar com alguma esperança que fosse.
VI - Confesso que não entendi a necessidade de os sócios terem de se levantar para expressar o seu sentido de voto. Se assim foi, porque razão nos deram o cartão à entrada? Porque assim foi? Para se saber quem está de um lado ou de outro? Depois da inesquecível votação em urna de sim ou não, outro método inovador de deliberação a surgir nas assembleias vitorianas... veremos se será para continuar ou uma estranha originalidade da noite de ontem.
VII - Agora, vamos ganhar a Famalicão. Mais do que nunca, percebeu-se que o nosso futuro passará por vencer o maior número possível de desafios. Temos de conseguir o apuramento europeu, pois, caso contrário, teremos razões para nos preocuparmos. Se a solução é esta e nada se pode fazer para ser diferente, cabe-nos a nós ajudar a que ela seja exequível. Apoiando o clube na bancada. Incentivando os atletas, que, ao contrário do que se diz, não são todos inexperientes nem provêm da formação. É a nossa parte para o milagre acontecer... vamos fazê-la!
VIII - VIVA O VITÓRIA...SEMPRE!
