COMO RELEMBRAMOS UM INOLVIDÁVEL MUNDIAL DE ANDEBOL DISPUTADO EM GUIMARÃES!

Foi inesquecível para quem o viveu...

O ano de 1988 ainda tinha começado há cerca de um mês e Guimarães preparava-se para receber um dos eventos mais importantes do ano.

Com efeito, numa altura em que o andebol não tinha a projecção que tem hoje, na nossa cidade iria disputar-se o Grupo C do Campeonato Mundial, uma espécie de terceira divisão da modalidade, o que faz entender em que patamar se encontrava a selecção que, nos dias de hoje, é a quarta melhor do mundo.

Porém, por aqueles dias de Fevereiro, nos pavilhões do Inatel, hoje Almor Vaz, encostado ao, então, estádio Municipal e em Pevidém no Pavilhão da Coelima, o entusiasmo foi grande, ao ponto de o Povo de Guimarães de 08 de Fevereiro de 1988, escrever que a competição contou com "um público maravilhoso, que fez Guimarães se orgulhar de si própria" e que esgotou os pavilhões quando a selecção portuguesa jogava mas que, também, sou compor de modo indiscutível os recintos nas outras partidas.

A ajudar a esse transbordante entusiasmo, o facto da equipa lusitana, treinada por Manuel Manita, ter começado por triunfar sobre a equipa de Israel, o que fazia crer que o objectivo de ascender ao grupo B seria possível de alcançar. Porém, uma derrota no jogo seguinte frente à Itália começaria a demonstrar as dificuldades de alcançar tal meta pois "a Itália era favorita, não duvidem! Tinha acabado de chegar do Grupo B, possuía alto índice técnico, treinada por um treinador jugoslavo muito experiente e dotada de todas as matreirices que, afinal, são parte importante das grandes vitórias."

Por isso, Portugal chegou ao último jogo a ter de vencer, ainda que dependesse de vencer a débil selecção luxemburguesa e esperar que a selecção transalpina não perdesse com a israelita. Porém, tal não aconteceria com o melhor jogador italiano a desperdiçar um livre de sete metros no último segundo que daria o empate à sua equipa e colocaria Portugal na fase final.

De imediato, a polémica ficaria instalada. "...Começou a ventilar-se a hipótese (hoje quase certeza!) que tudo tinha sido combinado numa reunião a altas horas da madrugada no Hotel dos Moutados onde estavam alojadas, nem mais nem menos, do que três das quatro selecções presentes na fase final, a saber, Itália, Israel e Holanda. Por isso, Portugal ficou arredado do "sonho lindo", tendo que disputar a fase que já não lhe permitia a promoção.

Ficaria no quinto posto, apenas com aquela derrota, levando Amadeu Portilha na consultada publicação que "ao nível desportivo, só a eliminação prematura do nosso seleccionado não permitiu o sucesso total. Pena foi que um livre de 7 metros a um segundo do final do jogo tivesse determinado este pseudo sucesso desportivo." Mas quem viveu aqueles momentos de intenso fervor patriótico, aquelas bancadas cheias, jamais esquecerá aqueles momentos vividos nos dois pavilhões vimaranenses, que acabariam por ver a selecção austríaca consagrar-se como campeã mundial ainda que do terceiro escalão da modalidade.

O andebol português ainda ia demorar a chegar ao topo...

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