Comecemos por Marselha, uma verdadeira amálgama de culturas, credos, no Sul de França. Uma cidade gaulesa com várias nacionalidades dentro da principal nação.
Aos vitorianos bastará mencionar um nome: Kamel Ghilas. Sim, o inesquecível avançado dos Conquistadores e um dos maiores obreiros na conquista do último terceiro lugar da história do clube, também era natural da cidade francesa... ainda que tivesse raizes argelinas, o que o fazia vestir a camisola da selecção nacional norte-africana.
Ora, esse será um dos paralelismos com o lateral contratado pelo Vitória. Com efeito, Tony nasceu em França, mas por ser filho de uma progenitora romena, foi incapaz de dizer que não ao chamamento do seleccionador Daniel Pancu e aceitou representar a equipa dos Cárpatos no Europeu de sub-21, disputado recentemente na Eslováquia.
Conseguira firmar-se como titular indiscutível de uma equipa, em que, apenas de terem sido públicas as suas dificuldades de adaptação, por não dominar sequer o romeno e não conhecer algum dos seus colegas de equipa, sendo dos melhores elementos de uma equipa que foi derrotada nas três partidas da fase de grupos da competição.
Porém, a verdade é que o lateral foi dos melhores jogadores da sua equipa, ainda que o seu lugar seja daqueles mais carismáticos da sua selecção. Bastará lembrar os nomes dos míticos Dan Petrescu, que brilhou no Mundial de 1994 e conseguiu chegar ao Chelsea, e o de Cosmin Contra, que voou pela ala da inesquecível equipa do Alavés que chegou à final da Taça UEFA, perdida para o Liverpool por incríveis 5-4, para depois ser contratado pelo AC Milan.
Voltando a Strata, poderemos afirmar que teve um percurso ascendente merecedor de elogios. Tendo chegado ao Ajaccio, o emblema que representou até agora, há três anos, conseguiu estrear-se pela equipa na Ligue 1, frente ao Rennes. A equipa perderia por cinco bolas a zero, mas o jovem jogador passaria a ser um nome a ter em conta, ao ponto de ser utilizado nos últimos três desafios desse campeonato.
Estava dado o passo para a sua afirmação definitiva no clube, ainda que na Ligue 2. Tony passaria a ser titular de um emblema que passou a ter de lidar com inúmeras dificuldades económicas e que acabariam por desembocar no desenlace deste Verão: com a declaração de insolvência do clube, remetido para os escalões amadores e com os contratos profissionais dos seus atletas dissolvidos e, por isso, livres de escolherem o respectivo destino.
Por isso, Strata foi dos mais cobiçados. Polivalente, podendo ser utilizado em ambas as laterais, e, ainda para mais, internacional romeno, foi associado a vários clubes. Desde logo, ao Saint-Étienne, a jogar no segundo escalão do seu país, mas sôfrego para regressar às andanças que sempre habituou os seus adeptos. Mas, também, aos suíços do Servette e até ao Aves SAD, sendo estes os emblemas tornados públicos pela imprensa.
A comprovar as suas qualidades, poderemos mencionar as palavras do antigo director desportivo do Ajaccio, Johan Cavalli. que o definiu como "um diamante a ser lapidado", atendendo às suas características, "completo, enérgico e decisivo, tanto ofensivamente quanto defensivamente." Algo a bater certo, com o apresentado pela conceituada página Football Talent Scout que o comparou ao lendário alemão Phiipp Lahm... era bom que daqui a uns anos, também, nós achássemos essa ligação verosímil.