Aquela temporada de 2015/16 não tinha começado como desejado.
Com efeito, a aposta em Armando Evangelista, que orientara o conjunto B nas temporadas anteriores, não correra pelo melhor, obrigando o, então, presidente, Júlio Mendes, a tomar uma medida de choque: despedir o técnico para contratar Sérgio Conceição que estivera no ano anterior ao serviço do eterno rival e onde se envolveu numa série de picardias com elementos da estrutura dos Conquistadores.
Em Guimarães, Sérgio não encontrou um mar de facilidades, bem pelo contrário. Como reconheceu o antigo defesa vitoriano, Josué Sá, em entrevista à Tribuna Expresso de 27 de Novembro de 2021, "Foi um choque para todos nós aquela maneira dele ser [risos]. Mas um choque positivo. Ele é muito apaixonado, só tenho pena de não ter estado mais tempo com ele porque é uma pessoa que cativa toda a gente que trabalha com ele."
Não obstante, a verdade é que "Ele chegou e normalmente há chicotada positiva mas ele teve o inverso, foi a chicotada negativa, aquilo estava mal e ainda ficou pior [risos]. Lembro-me que nos primeiros três ou quatro jogos com ele perdemos todos. Ele já não sabia o que havia de fazer mais, não sabia se havia de gritar ou rir." E, a verdade, é que Sérgio perdeu os quatro primeiros desafios de Rei ao peito, sendo que um deles custou a eliminação da Taça de Portugal após a derrota com o Penafiel, e só haveria de conhecer o triunfo à sexta tentativa, quando ganhou em Paços de Ferreira com um golo no último minuto de Ricardo Valente.
Contudo, no desafio anterior a esse, perante a Académica de Coimbra, haveria de jogar cartada quase de tudo ou nada para levantar a moral das suas tropas. Assim, como o jogador conta, dois dias antes dessa partida, por acreditar tratar-se de um ponto de viragem virou-se para a equipa e anunciou “Vamos fazer um almoço de equipa aqui, porque nós vamos ganhar”. Repasto esse pago por si e com um convidado especial, o humorista Fernando Rocha, o que levou a que no final da refeição o treinador clamasse para os seus jogadores: "Epá, eu não me posso pôr lá dentro, eu não posso ir para o campo e fazer golos... Então eu agora faço tudo por vocês? Vá lá, amanhã temos de ganhar, pá". Porém, apesar do golo inaugural de Tomané, uma desastrosa arbitragem do juiz Manuel Oliveira que reduziu a equipa vitoriana a nove jogadores, devido às expulsões de Alex Freitas e de Moreno no início da segunda parte, levaria a que fosse impossível vencer. O Vitória empataria e teria de esperar para vencer.
Apesar disso, a verdade é que o Vitória, pese ter escalado para longe dos lugares de sufoco, teria dificuldades em colar-se aos europeus. Tal seria reconhecido, também, por Josué, que afirmou nesse mesmo trabalho que "Mas depois desse jogo começámos a ganhar e até chegámos a estar em lugares europeus. Só que como tínhamos perdido muitos pontos no início da época a margem de erro era muito curta e acabamos por perder o comboio europeu perto do fim."
Porém, pese embora essa quebra, a verdade é que Sérgio tudo tentou para ter êxito. Tal é, igualmente, recordado por Tomané em entrevista à mesma publicação, mas no primeiro dia do ano de 2022, em que recorda a presença de outra figura conhecida no treino da equipa. Falamos da mental coach, Susana Torres, conhecida por ter acompanhado o jogador Éder no Campeonato Europeu de 2016. Assim, o avançado confidenciou que "Lembro-me de termos de ir para o clube às seis e meia da manhã para ter coaching com a Susana Torres." Uma novidade que o fez perceber que "tínhamos de passar muito tempo no clube. O que é normal, trabalhávamos no clube, tínhamos de lá passar tempo, não era treinar e vir embora. O mister Sérgio mudou isso. Foi difícil, é verdade, a exigência, mas dos treinadores que tive, se não é o melhor, é dos melhores, a nível de treino..."
Não obstante, haveria de sair do Vitória sem honra nem glória... mas com a consciência tranquila por tudo ter feito para acabar a temporada nos lugares cimeiros!