Há poucos dias, chegou-nos num comentário a um texto a triste notícia que o inesquecível Artur da Rocha encontrar-se-á a viver problemas de saúde.
Esperando que rapidamente se recomponha poderemos dizer que falamos de um vimaranense, vitoriano dos sete costados, que em entrevista ao jornal do clube a 07 de Novembro de 2000, assumia esse amor dizendo que "gosto muito do Vitória, não só por ser o clube da minha terra, mas também porque joguei lá e ainda jogo nas velhas guardas. (...) Eu ajudei o Vitória a ser um grande clube, muitas vezes em situações difíceis (...), este clube, para mim, é o maior clube português e do Mundo."
Tal sentimento, além de ter nascido com ele, ter-se-á reforçado a partir de 1959, altura em que entrou nas oficinas vitorianas, com 15 anos, para só abandonar o emblema do Rei quase 20 anos depois. Uma vida que, segundo ele, repetiria, pois "adoro o futebol e por isso joguei durante muitos anos; em segundo lugar porque defendi as cores do Vitória, que é o meu clube do coração."
Uma apaixonada declaração de um jogador sóbrio, dedicado e que haverá sempre de estar na história pelo golo apontado em Ostrava, que abriu as portas do êxito de par em par na primeira eliminatória europeia disputada pelo clube.
Porém, se o jogador pelo amor à camisola seria capaz de jogar sem nada em troca, a verdade é que não esqueceu o prémio mais alto que recebeu no mundo do futebol. Já aqui falamos muitos vezes do denominado "milagre das Antas". Aquele célebre desafio na derradeira jornada temporada de 1970/71, em que depois de uma época agónica, o Vitória precisava de não perder para se manter no principal escalão do desporto-rei nacional. Uma tarefa difícil, mas que a equipa vitoriana conseguiria realizar, mantendo o empate a zero até ao último apito. Porém, o feito valeria ao jogador e demais colegas de equipa um generoso prémio, que Artur confessou ter sido o maior que alguma vez recebeu na sua carreira. Falamos de 15 contos, o correspondente hoje a 75 euros, mas que na altura era muito dinheiro, ainda para mais, no Vitória. Bastará dizer que o primeiro ordenado que o jogador recebeu enquanto sénior, nos primórdios da década de 60, fora de 600$00.
Apesar disso, como referimos, não era o dinheiro que o movia. Um menino que teve de vencer as desconfianças dos adeptos, até por ser da casa, mas que viveu alguns dos melhores anos do clube e que lhe permitiu dizer "... que me sinto um homem realizado, muito satisfeito por tudo o que fiz e que, acima de tudo, ajudei o Vitória (...) que eu muito gosto e o clube é tudo para mim." Foram 202 partidas de Rei ao peito e muitas histórias para contar...