ANDRÉ ANDRÉ... SÓ PODEREMOS DIZER OBRIGADO!

Verdade seja dita... o adeus, o nosso adeus, foi dito no final da temporada passada em Arouca.

Um adeus que o fez ser levantado em ombros pelos seus colegas de equipa, enquanto da bancada só saía o seu inconfundível cântico: André Andrééééé....

Não nasceu vimaranense, muito menos vitoriano. Aliás, nunca escondeu as suas raízes de varzinista e de portista, não fosse o pai uma figura desse emblema. Uma figura não amada em Guimarães, fruto da filosofia de "até ao pescoço é canela" e que arruinou a aventura vitoriana de René Weber.

Mas, até nisso o "nosso" André soube ser grande... desmarcar-se do modo de ser do seu pai, sem evitar o seu legado de jogador voluntarioso, raçudo e sem medo de ir ao conflito quando assim tinha de ser.

Todavia, mais do que isso, foi um garante de talento quando ele parecia escassear. Assim foi nas suas duas primeiras temporadas vitorianas, onde mais do que talento havia esforço, onde ao invés da criação havia transpiração. E era ele o garante de imprevisibilidade, de um lampejo salvador aliado aquela alma dos "homens do mar", que olham de frente para a altura da onda e fazem-se a ela.

Porém, dessa primeira passagem, cujos golos trazemos no vídeo, ficará para todos na memória a sua última temporada. Que meio campo com Cafú ou Bouba Saré e Bernard. Quanta magia. Que complementaridade! Três peças que pareciam terem sido criadas para formarem um puzzle perfeito, irrepetível!

Por isso partiu...sem jamais esquecer o Vitória, mas, acima de tudo, sem os vitorianos o esquecerem. Quando assim é, o regresso assemelha-se à parábola do filho pródigo. Um conto bíblico à dimensão vitoriana. A partir da época 2018/19, os vitorianos voltavam a ter no relvado alguém que, apesar de não ter nascido com o Rei gravado no coração, aprendera-o a amar e a respeitar.

Já mais velho, já com problemas físicos, mas com a matreirice de quem conhece todos os segredos do futebol, todos as curvas e contracurvas dele, sem prescindir de valores como a estética, a liderança...no fundo, um futebolista completo que merecia que o corpo o deixasse falar a linguagem dos predestinados, dos fora de série que misturam raça com talento, coração com ilusão, a alma da técnica com o corpo dos esquemas.

Ironia das ironias, depois de muitos momentos de sofrimento, acabaria em grande de Rei ao peito... a encher o campo, a assistir, a marcar... a parecer o menino ainda com cabelo que um dia chegou ao Vitória, proveniente do Varzim.

Porém, se o talento é inato e existe sempre em nós, o tempo é inexorável no seu percurso. Faz-nos envelhecer, sentir dores e limitar-nos onde os rapazolas ainda mostram força, no vigor, na mocidade.

Assim, André André partiu... algum dia teria de o fazer. Para uma última dança no Leixões, antes da música se calar. O nosso adeus foi há um ano, mas a reflexão, no dia em que abandona os relvados, será de hoje: éramos todos tão mais novos quando uma bela história começou...passa depressa! Mas fiquemos felizes por ter vivido a história de um dos últimos grandes jogadores, daqueles que ficaram eternos nos livros, do nosso Vitória. Valeu a pena! OBRIGADO... ANDRÉ ANDRÉÉÉÉ...ANDRÉ ANDRÉÉÉÉ!!

Postagem Anterior Próxima Postagem