COMO A RECEPÇÃO EM CASA DO SEMPRE RIVAL BRACARENSE A TODOS INDIGNOU, LEVANDO A QUE SE LEMBRASSEM FACTOS DO PASSADO, DE AFRONTA A GUIMARÃES...

" A todos os vimaranenses que no passado Domingo, quer no desafio, quer no seu regresso a Guimarãis foram enxovalhados da maneira mais estúpida, para isso se servindo Braga - sem um protesto digno e altivo de quem tem a responsabilidade de manter o seu bom nome - de adjectivos impróprios de gente civilizada - os protesto sinceros do Notícias de Guimarãis."

Rezava deste modo a manchete do Notícias de Guimarães de 19 de Março de 1933, num manifesto de profunda indignação sobre o que houvera sucedido na partida disputada na cidade vizinha e em que o conjunto vitoriano, além da derrota, sofrera vários actos ofensivos.

Aliás, os actos foram de tal monta que o periódico consultado chegava, mesmo, a compará-los com o ocorrido em 1885, quando alguns políticos vimaranenses, após terem ido a Braga, foram apedrejados e ameaçados.

Um tratamento tão condenável que chegava-se ao ponto de denominar os arruaceiros de "gente sem alma - o que equivale a dizer - de lama."

Importará, pois, perceber o que levou a tanta indignação. Bastará citar referido periódico que dizia que, após a boa entrada em jogo vitoriana, "logo, o insulto se levantou clamorosamente.", ao ponto do cronista admitir que "nunca vi tamanha falta de educação em pessoas que põem gravata ao pescoço!" Actos indignos, com "linguagem de arrieiro", plenos "dos dislates e disparates mais requintados, forçando a nota, parecendo mesmo que pediam surras como é de uso dar-se aos meninos irrequietos."

Porém, se nas bancadas o ambiente era hostil ao Vitória, o mesmo também sucedia dentro das quatro linhas. Assim "quando Adélio foi pontapeado na cabeça - o que faz a falta de educação!- Genezi, treinador do grupo vimaranense, quis socorrê-lo, mas em vão, que desabou a Sé e Montariol, e os gestos mais ameaçadores se denotaram..."

No jogo, a equipa vitoriana seria derrotada por duas bolas a zero, muito por culpa de um golo polémico, pois tratou-se de uma "bola que o Sr. Árbitro nunca poderia ter visto bater dentro da trave, uma vez que tabelou na frente do guarda-redes vimaranense e que este ainda conseguiu encaixar..."

Contudo, os actos infelizes não acabariam no final da partida, pois dizia-se que, após esta e no regresso "nunca se viu tamanha falta de senso e tamanha porcaria". Valia tudo para manter a liderança do futebol distrital, mas tal haveria de mudar logo no ano seguinte... mas isso, será outra história!

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