I - Num balneário de um clube de futebol existem várias alcunhas, epítetos dos diversos componentes da equipa mais ou menos secretos. O do Vitória não é excepção e o "petit nom" de João Mendes não é segredo para alguém. É o Puro, atendendo ao modo claro e límpido como a bola sai dos seus pés, como a coloca com distinção no fundo das malhas ou nos pés de colegas em melhor posição.
II - Hoje, João voltou a pincelar o campo. Numa primeira parte do melhor que se viu na presente época no D. Afonso Henriques, João foi o farol criativo de uma equipa segura, assertiva e voraz perante um Rio Ave aturdido pela qualidade vitoriana que, apesar de ter quase 50 jogos nas pernas na presente temporada, respira saúde, capacidade física e uma disponibilidade mental que estão a fazer a diferença.
III - Começaram, assim, bem os Conquistadores na primeira metade a empurrarem o conjunto vilacondense para trás. A criarem oportunidades. A deixarem antever o golo, que haveria surgir numa bela combinação mas com um defesa de verde a colocar a bola no fundo das malhas do polaco Mizta. Um prémio justo para tanta produção e um suspiro de alívio vitoriano que entrou em campo sob pressão, atendendo ao êxito do Santa Clara frente ao Arouca na tarde de ontem e que colocou, temporariamente, o emblema açoriano no Santo Graal, chamado quinto posto.
IV - Mas se esse tento foi provocado pelo jogador contrário, o que dizer do modo como a partida foi resolvida? É verdade que um equipa segura de si e tranquila dá asas aos artistas para se exprimirem. Mas, que diabo! Aquele golo de Mendes faz dele, novamente, candidato ao golo do ano, depois de ter obtido igual distinção na época antecedente. Que tiro! Que colocação! Para ver, rever e aplaudir de pé... também, pelo facto, de colocar a partida livre de qualquer sobressalto.
V - Melhor ainda seria a machadada final antes do intervalo. Mais uma vez com uma pincelada de João "O Puro", que num passe açucarado, com olhinhos e teleguiado colocou Telmo Arcanjo na face do golo. Não falharia e o resultado ficaria praticamente feito.
VI - A segunda metade seria de gestão. De atenuar a reacção vilacondense, enquanto se olhava para a sua baliza. Terão existido oportunidades. Por vezes, gritou-se golo mas sem consequências. O Vitória, em velocidade de cruzeiro, limitou-se a passar pelos segundos 45 minutos sem sobressaltos de maior.
VII - Destaque, ainda, para as defesas de Bruno Varela. Depois da partida infeliz do passado Sábado, respondeu afirmativamente aos desafios que lhe foram colocados. E o Vitória precisará do melhor Varela para a fase decisiva do campeonato.
VIII - Segue-se o Nacional, numa partida em que é proibido escorregar. Os alvinegros, bem orientados, que garantiram a manutenção com
maior tranquilidade que se antevia, serão um osso duro de roer. Mas, com o Santa Clara a disputar uma partida de dificuldades máximas, em Braga, ganhar-lhes pontos poderá será sinónimo de consecução do cobiçado objectivo europeu.
IX - Nota negativa para a lesão de Samu. Que seja algo de reduzida gravidade e que o médio ainda seja opção nas partidas que faltam, pois todos são determinantes nesta fase decisiva do campeonato.
X - VIVA O VITÓRIA...SEMPRE!