COMO A EQUIPA E TÉCNICOS DISSERAM QUE NÃO A BRAGA, PARA SOMAREM TRÊS PONTOS NUM DIFÍCIL, MAS BRILHANTE JOGO

Aquela temporada de 1987/88 foi uma verdadeira montanha-russa de emoções. Uma temporada em que se auguravam grandes feitos, mas em que os Conquistadores teriam dificuldades em manter-se na parte alta da tabela, acabando mesmo com o credo na boca.

A ajudar a esse estado agónico, para além dos treinadores que o Vitória pareceu nunca acertar, tendo começado com René Simões, para o substituir por outro tiro de pólvora seca chamado António Oliveira e acabando em José Alberto Torres, muita influência teve a interdição de sete partidas que o clube sofreu após os acontecimentos no jogo com o Boavista, já aqui narrados.

Assim, teria o conjunto vitoriano de actuar longe de Guimarães, optando pela tradicional escolha de Braga que, contudo, não seria aposta para todos os jogos. Na verdade, fruto da recepção dada pelos adeptos do clube que actuava habitualmente no estádio, em que brindavam os atletas vitorianos com um ambiente hostil, fazendo-os sentir desconfortáveis, era necessária uma nova solução. Aliás, tal legitimaria o pedido que atletas e equipa técnica fariam a Pimenta Machado e que este anunciou em conferência de imprensa, para encontrarem o Sporting noutro estádio.

Com efeito, como escreveu o jornal Povo de Guimarães de 18 de Março de 1988, seria esse o motivo que o presidente do clube alegou para a mudança do local onde a partida iria ser disputada, passando-a para Fafe, ainda que classificasse o castigo como "anacrónico", pois, "castiga o Braga por um jogo, quando um adepto seu causa ferimentos num fiscal de linha, e o VSC é castigado em 7 quando nenhum elemento integrante do jogo VSC-Boavista sofreu algum dano físico."

Seria, pois, na terra da Justiça, num Domingo de Lázaro, "data que os vitorianos não simpatizam por motivos bem elucidativos" que o Vitória entraria em campo com Jesus; Costeado, Miguel, Nené, Basílio; Carvalho, Nascimento, Adão, Tozé; Ademir e Caio Júnior. Teria uma entrada arrasadora, absolutamente perfeita, com dois golos por intermédio de Nascimento e Caio Júnior ainda antes dos cinco minutos iniciais. A justificar esse empolgamento, alegou o Notícias de Guimarães ter-se tratado de "um bom relvado, o público junto dos jogadores, maior proximidade de Guimarães", no fundo "o interesse desportivo a sobrepor-se ao interesse financeiro."

E, mesmo depois do Sporting ter reduzido por Oceano, Tozé haveria de apontar o terceiro tento dos Conquistadores antes do intervalo, confirmando que o Vitória nessa tarde fora capaz de "recordar algumas exibições da época passada, estava demais para os homens de Alvalade." Apesar do Sporting ter reduzido no final da partida, o Vitória, longe do ambiente hostil de Braga, venceria um importante desafio...e quão útil seria para as contas finais de um campeonato aquém das expectativas!

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