Ponto prévio: um jogo do Vitória desencadeia sempre um frenesi único, ânsia incontrolável e esperança... muita esperança até no impossível!
Era o que sucedia naquele fim de Setembro de 1997, quando o Vitória devia-se deslocar a Roma para disputar a 2ª mão da primeira eliminatória da Taça UEFA, depois de ter perdido a primeira por quatro bolas sem resposta em Guimarães.
Por isso, até na crónica realizada por Raúl Rocha no Povo de Guimarães, datado de 03 de Outubro desse ano, reconhecia-se que "a derrota na 1ª mão (...) tinha sido demasiado pesada para as expectativas. E daí que o stress habitual nas viagens das equipas de futebol, estivesse complemente ausente." Mesmo assim, apesar da inexistência de qualquer esperança num milagre, "para Roma partiram duas excursões", com preços a variar entre os 130 e os 170 contos por pessoa, que à moeda actual equivaleriam a valores entre 650 e 850 euros.
Contudo, a digressão ficaria marcado por um tema que a imprensa quis tornar quente, escaldante, até. Com o Benfica a viver um período de profunda instabilidade, com eleições à porta (aquelas que haveriam de levar Vale e Azevedo ao poder, depois de levar a melhor sobre Luís Tadeu e Abílio Rodrigues), a imprensa, desiludida pelo facto do jogo, atendendo o resultado do primeiro jogo, procurou outra manchete: a possibilidade de Pimenta abandonar o Vitória para abraçar um projecto em Lisboa. Verdade seja dita, que o presidente dos Conquistadores não se preocupou em desfazer de imediato os rumores, pois referiu que "olhe que já houve quem me telefonasse desses candidatos que os jornais anunciaram, a pedir para me encontrar com ele." Se Pimenta estava a ser irónico, sincero ou, simplesmente, brincalhão só ele saberá, mas que serviu para umas quantas manchetes serviu.
Porém, num claro sinal de ignorância e de sensacionalismo descuidado, os mesmos jornalistas olvidaram de averiguar que Pimenta já não era associado do Benfica há muitos anos, sendo que "em consequência, durante os três dias da estadia do Vitória em Roma, choveram os telefonemas, os faxes, os pedidos de apoio. Pimenta divertiu-se sempre com tudo isto. O Vitória, sim, é a sua preocupação. O Benfica, um brinquedo com que gosta de enganar os jornalistas."
Porém, se esse foi o (não) tema da viagem, esta teve outros aliciantes. Apesar da equipa ter ficado instalada a 30 quilómetros de Roma, dedicou a Segunda e a Terça-feira a visitar Roma. "Desde o Coliseu, às praças com imponente estatuária, à Cidade do Vaticano numa visita quase de retorno às origens da nossa história civilizacional...", tudo foi calcorreado pelos vitorianos.
Outro ponto alto da viagem, foi a recepção promovida pelo clube laziale, onde Pimenta Machado "soube transmitir votos da presença da Lazio na final da Taça UEFA, garantindo que estaria presente como torcedor." Por sua vez, o lendário Dino Zoff, então, líder máximo do clube italiano "afirmou desejar voltar a encontrar-se com o Vitória nas provas europeias."
Por fim, do jogo, haverá pouco que contar... talvez, apenas, o golo aos 16 segundos de David Paas, na altura, o mais rápido da Taça UEFA... mas, no meio de tantas histórias e com a eliminatória decidida, isso terá sido, apenas, mais um episódio numa viagem cheia de “estórias”...