COMO RAFAEL, QUE TANTO PROMETIA, TERÁ FICADO AQUÉM DE TANTAS EXPECTATIVAS CRIADAS...

Chegou a Portugal, como tantos outros atletas brasileiros. Incógnito, numa nota de rodapé de jornal, rumo a um Paços de Ferreira a actuar no segundo escalão, ainda que com uma nota de realce no seu curriculum: Rafael houvera sido campeão mundial de futebol de praia.

Estávamos no início da temporada de 1999/2000 e o criativo brasileiro era uma das apostas do clube da Capital do Móvel para regressar à liga principal. Orientado por José Mota, efectivamente, os pacenses haveriam de ascender ao maior escalão do futebol, mas não seria nesse ano que o jogador haveria de explodir.

Tal sucederia, apenas, no ano seguinte, onde ao lado dos seus compatriotas Everaldo e Leonardo pintou a manta, fazendo o clube do Castor a maior sensação do campeonato. Aliás, a técnica perfumada de Rafael, aliado ao seu jeito "malandro" tão próprio dos sul-americanos, haveriam de valer-lhe a cobiça dos mais titulados emblemas nacionais.

Seria o Porto a seduzi-lo, ainda que a sua passagem pelos Dragões fosse um fracasso. Na verdade, Rafael seria apanhado num verdadeiro turbilhão em que a aposta falhada em Octávio Machado, levou ao all-in num jovem José Mourinho que revolucionou a equipa portuense.

Com poucas oportunidades e ainda massacrado por algumas lesões, o seu nome foi badalado pela primeira vez na pré-temporada do campeonato 2002/03 em que o Notícias de Guimarães, de 05 de Julho de 2002, anunciava "Rafael na Forja." Deste modo, dizia-se que "o Vitória recebe o médio brasileiro e ainda uma verba e em troca os portistas recebem o médio Pedro Mendes, o central Bruno Sousa e o extremo Vieira, três jovens jogadores de futuro muito promissor." Assim não seria, apenas indo para o clube portuense este último, com a alcunha de Vieirinha, acompanhado por outro jovem do qual se esperavam maravilhas, que jamais seriam confirmadas: Márcio Sousa, conhecido por Maradona.

Porém, antes de chegar ao Vitória, antes Rafael tivera de dar uma prova da força e obstinação do seu carácter, pois, na temporada anterior tinha recusado "funcionar como moeda de troca, nomeadamente para a União de Leiria", já que, segundo ele, estava desagradado "por apenas ter tido conhecimento da situação quando o acordo entre clubes estava consumado."

Eram, pois, grandes as expectativas sobre o jogador. Porém, Rafael terá combinado a excelência com a irreverência... em excesso. Os momentos mágicos com aqueles desnecessários, numa mistura explosiva que não terá tido o resultado desejado. Aliás, a comprovar isso, o facto de ter sido expulso com uma cartolina vermelha directa frente ao Nacional da Madeira e passadas duas partidas ter sido expulso por acumulação de amarelos numa partida perante o FC Porto.

Depois destas duas verdadeiras "bofetadas" em quem nele depositava tantas esperanças, o primeiro momento de alegria sucederia contra o clube que lhe abrira as portas do futebol português: o Paços de Ferreira. Na verdade, o seu golo na Mata Real, o primeiro dos cinco tentos que apontou nesse ano, ajudou o Vitória a obter um saboroso triunfo, sendo, todavia, os mais saborosos os apontados contra a Académica e o Varzim que valeram três preciosos pontos, em cada uma das partidas, aos Conquistadores.

Na temporada seguinte, apenas, apontaria dois tentos, ficando mais marcado por um momento: a agressão a Rui Jorge com o cotovelo, numa partida contra o Sporting, que ajudou a que o Vitória perdesse o jogo, o que lhe complicou as contas para uma sofrida manutenção.

A época de 2004/05 seria a sua última de Rei ao peito. Com, apenas, dezasseis partidas disputadas, não marcaria qualquer golo. Pelo contrário, ficaria na memória a sua agressão a soco ao benfiquista João Pereira no final da partida disputada na Luz, quando o jogador encarnado resolveu festejar o triunfo da sua equipa na sua cara. Não lhe correu bem a afronta...

Rafael abandonaria o Vitória no final desse ano, após ter disputado 53 partidas de Rei ao peito e apontado sete golos...pouco para quem tanto prometera, mas, ainda assim, suficiente para ser lembrado por todos os vitorianos...

Postagem Anterior Próxima Postagem