COMO A FESTA DO PELOTE DEMONSTRARÁ SEMPRE O PRAZER QUE GUIMARÃES TEM EM PASSAR A PERNA A ESPANHÓIS...

Ontem, o Vitória fez o que tantas vezes Portugal e Guimarães têm feito ao país vizinho: passar-lhe a perna.

Com efeito, desde os tempos do Condado Portucalense com o Rei Fundador a comandar as tropas que o povo de Castela sentiu na pele a abnegação, o espírito inquebrantável e a determinação de quem queria criar um país, queria ser independente. E, assim o seria na Batalha de São Mamede, festejada a 24 de Junho e tida como "a primeira tarde portuguesa", e ao longo da história, com especial ênfase para a Batalha de Aljubarrota.

Batalha essa que, apesar de não ter ocorrido em terras vimaranenses, terá para sempre uma ligação umbilical a esta cidade e que foi eternizada pela Festa do Pelote, realizada ao dia 14 de Agosto de cada ano destinada a lembrar o enorme feito português.

Bastará recorrer ao jornal Comércio de Guimarães de 12 de Agosto de 1967 que referia "todos os anos, a Câmara Municipal manda celebrar sob os arcos ogivais do Padrão do Salado que se ergue junto da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira no dia 14 de Agosto uma missa pela Vitória de Aljubarrota."

A tornar esta celebração ainda mais assinalável, merecerá realce o facto desta festa nunca ter tido qualquer interrupção, mesmo quando os Filipes exerciam poder sobre Portugal, tornando Guimarães e Aljubarrota unidas por laços inquebrantáveis.

Urgirá, agora, perceber a razão do nome desta celebração e tal atém-se no facto de no dia da celebração ser exposto junto ao Padrão de Nossa Senhora das Vitórias, também conhecido por Padrão do Salado, as vestes usadas pelo Rei D.João I e que, como agradecimento pelo triunfo na batalha, as ofereceu a Nossa Senhora da Oliveira. Além disso, também foi oferecido o tríptico de prata dourada, peça retirada ao Rei de Castela durante a batalha, e que se encontra exposto no Museu Alberto Sampaio.

Além disso, uma das maiores manifestações de gratidão a Guimarães e a Santa Maria foi a reconstrução da sua igreja em 1387, vindo o rei, a rainha D. Filipa e seus filhos vieram a Guimarães assistir à Sagração deste tempo religioso em 1401.

Como referiu Teresa Costa, no programa Recantos de Guimarães, na Rádio Santiago, "AL Carvalho (...) no seu trabalho intitulado Aljubarrota e Santa Maria de Guimarães escrevia: Iluminando esta réstia de luz suave, eu bem digo a minha terra, a terra mais portuguesa de Portugal, por saber despertar a chama viva da pátria, comemorando anualmente a vitória de Aljubarriota junto de Santa Maria de Guimarães."

Por fim, refira-se que a festa do Pelote foi interrompida no ano de 1978, tendo estado suspensa durante 40 anos, sendo retomada no ano de 2018, esperando nós que para sempre... ainda que possamos vencer os vizinhos ibéricos de outros modos, inclusivamente, graças ao nosso Vitória numa eliminatória das competições europeias.

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