Edmur durante aquelas três temporadas fora o ídolo maior dos vitorianos. Goleador de créditos firmados, faria mesmo história ao ser o primeiro jogador da história do clube a ganhar uma Bola de Prata na temporada de 1959/60, troféu destinado a galardoar o melhor marcador do campeonato. Aliás, depois dele, só Paulinho Cascavel no exercício de 1986/87 conseguiria igual distinção, o que comprovará o quão difícil é, para um jogador a jogar fora dos clubes mais titulados, alcançar tal feito. Por isso, como escreveu o jornal A Bola de 12 de Outubro de 1961, "foi considerado o estrangeiro de maior categoria entre os que, nos últimos anos, serviram clubes portugueses"
Por isso, o craque no final da temporada de 1960/61, que terminou com os Conquistadores a garantirem o primeiro quarto lugar da sua história foi muito cobiçado. Entre os pretendentes estavam o FC Porto, o Belenenses e o Celta de Vigo... que num raid ao outro lado da fronteira, de uma assentada, conquistou o avançado vitoriano e o portista Jaburu. Era um projecto ambicioso que visava que o clube galego regressasse ao principal escalão do futebol do país vizinho numa transferência que terá custado ao emblema espanhol perto de um milhão de pesetas. "Uma transferência muito cara, como se diz por Vigo, e logo para um clube da II Liga.", divida em "...meio milhão de pesetas para o Vitória, 200 000 para o jogador, mais, claro, 100 000 pesetas que o clube pagou à Federação Espanhola para inscrever Edmur."
Um negócio dispendioso, e segundo referia o jornal, com outros objectivos. Na verdade, o avançado apenas se comprometera por uma temporada com o seu novo emblema, apesar deste pretender um vínculo por dois anos. Segundo a publicação consultada, "...Edmur abriu muito a boca. Diz-se em Vigo que o jogador brasileiro pensa em transferir-se, depois, para outra equipa espanhola mais poderosa."
Contudo os seus objectivos, rapidamente, começariam a ser postos em causa, desde logo, por segundo a imprensa espanhola, "vem de um país onde se joga mais devagar", considerando-se nos primeiros desafios que "teve algo mais de virtuosismo que de prático.", concluindo-se que ao ataque do Celta "faltou garra e velocidade" e a Edmur "aclimatação."
Logo de seguida no derby galego, frente ao Depor, disputado nos Balaídos e que terminou empatado a zero, a crítica ainda seria mais arrasadora para com o jogador canarinho ao considerar que estivera "demasiado lento", lançando-lhe a sentença que haveria de tornar-se quase irrecorrível: "o seu jogo curto não vai bem às características do Celta."
Atendendo a estes factos, a conclusão jornalística seria profética ao escrever que "...se Edmur não lograr melhores referências que as que lhe têm sido dedicadas, por certo não pensará permanecer em Espanha. Por isso mesmo é que dissemos que ele talvez volte, na próxima época a Portugal..." Assim seria, rumo ao Leixões, onde ajudaria os matosinhenses a conquistarem um belo quinto posto e para se fixar definitivamente no nosso país, em especial em Guimarães, onde viveria até ao fim dos seus dias, deixando a sua descendência.