COMO BARRIENTOS TORNOU O SONHO DO JAMOR BEM POSSÍVEL NUMA INESQUECÍVEL NOITE!

Era a temporada em que tudo podia correr mal... mas que tudo acabaria a correr bem!

O Vitória naquela temporada de 2012/13 enfrentava uma série de desafios financeiros e económicos que urgia enfrentar, sempre pensando como seria o dia seguinte.

Se assim era nos gabinetes onde se ia decidindo os dias do clube, no relvado os tempos eram igualmente desafiantes. Sob o comando de Rui Vitória, a equipa sofrera uma remodelação tendente a reduzir os seus custos, de modo a poder fazer frente a todos os compromissos que tinha pela frente.

O início dessa aventura não seria fácil, mas a equipa até conseguiria manter-se à tona, ainda que com uma ou outra desilusão como a derrota caseira frente ao eterno rival, algo que já não ocorria há quase três décadas.

Por isso, quando, depois de um percurso quase abençoado na Taça de Portugal, onde os Conquistadores, graças ao instinto felino do guardião Douglas, felino e decisivo nos desempates na marca de pontapé de penalty frente ao homónimo sadino e ao Marítimo, seguia-se a recepção ao SC Braga, no início de Janeiro.

Com a equipa desfalcada pelas convocatórias de El Adoua, N'Diaye e Soudani para a Taça das Nações Africanas, o desafio ainda era mais melindroso para Rui Vitória, que tinha de voltar a fazer uso das capacidades de montar uma equipa competitiva ainda que desfalcada, dando oportunidades a outros jogadores que, como o treinador gostava de dizer, "esperavam que o cavalo passasse às suas portas."

Até, por isso, o herói seria um nome improvável naquela temporada: o médio ofensivo uruguaio Jean-Pierre Barrientos, de quem tanto se esperava aquando da sua contratação, mas que teimava em afirmar-se de Rei ao peito. Mas, para ele ser herói, outros haveriam de brilhar a grande altura como Douglas, autor de defesas decisivas, Siaka Bamba entrado em campo aos 8 minutos a substituir o, igualmente, jovem Kanu, o jogo pleno de sacrifício de Amido Baldé emparedado no meio dos defesas centrais oponentes e todos os outros que, durante 120 minutos, deixaram todas as gotas de suor que tinham disponíveis na camisola.

Para a história, deixamos a equipa que entrou em campo naquela noite de 16 de Janeiro de 2013: Douglas; Kanu, Paulo Oliveira, Freire, Addy; Leonel Olímpio, Tiago Rodrigues, Jean Barrientos; Ricardo Pereira, Amido Baldé e Marco Matias, para logo no primeiro minuto incendiar o D. Afonso Henriques com o golo de Barrientos.

A partir daí seria uma noite de abnegada dedicação. De alma conquistadora a manietar os propósitos adversários. A manter a orientação dentro do relvado, sem de deixar de tentar ferir o oponente. Porém, a cinco minutos do final, haveria de surgir o indesejado balde de água fria com Éder a conseguir empatar a contenda e a levar o jogo para problema, não sem antes... Douglas realizar uma tão extraordinária quanto miraculosa defesa frente ao antigo vimaranense Custódio! Sem penaltys para defender, a "Muralha" revelar-se-ia importante de outro modo.

No prolongamento com as claques vitorianas na parte inferior da bancada topo, o momento mais belo de uma noite inesquecível chegaria logo no seu início. Barrientos bateria, de modo inapelável, Quim para todos explodirem de alegria, de emoção, fazendo entrar em simbiose única e incomparável risos e lágrimas, gritos e silêncios para forçar o relógio a voar... à partida chegar ao seu final! Era o Jamor que ficava mais perto, numa memorável noite!

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