COMO AQUELE JOGO COM O BOAVISTA INCENDIOU TODOS OS ÂNIMOS MUITO PARA ALÉM DO ESPERADO, SERVINDO, MAIS UMA VEZ, PARA CRUCIFICAR OS VITORIANOS...

Aquele ano de 2003/04 estava a correr muito pior do que o esperado.

Depois do ano de futebol superlativo na temporada antecedente com a equipa a actuar fora de Guimarães, em Felgueiras, o ano do regresso ao D.Afonso Henriques revelou-se extremamente difícil. Tão difícil ao ponto de Augusto Inácio, o treinador com mais tempo de permanência no Vitória no consulado de Pimenta Machado, ter abandonado o cargo, dando lugar a Jorge Jesus.

Seria com ele que o Vitória viveria o drama da morte de Miklos Féher no dia 25 de Janeiro de 2004, num dos momentos mais difíceis vividos num recinto de jogo dos Conquistadores nos seus mais 102 anos de história.

Contudo, na semana seguinte à morte do malogrado avançado benfiquista, seguir-se-ia a partida sempre frenética e pautada por intensa rivalidade, contra o Boavista. Um jogo ainda mais importante para o conjunto vitoriano, tendo em consideração que a equipa encontrava-se no décimo sexto lugar entre os dezoito concorrentes da tabela, numa posição que, a acabar o campeonato, significaria a despromoção.

Por isso, à equipa composta por Palatsi; Abel, Bruno Alves, Cléber, Rogério Matias; Flávio Meireles, Afonso Martins, Guga, Rubens Junior; Rafael e Romeu pedia-se, apenas, o triunfo para poder respirar melhor.

O jogo, esse, seria uma das contendas em que a equipa vitoriana melhor se exibiria nesse campeonato, com o tento de Rafael a obstar ao tento de Ricardo Sousa que abrira o activo para o adversário e a dar alguma (pouca!) justiça ao marcador. Porém, mais do que isso, como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 06 de Fevereiro de 2004, "...pensar que o futebol poderia sair pacificado com a morte de um jogador em pleno relvado, foi pura ilusão de circunstância.", até "... porque existem equipas que querem jogar futebol (como o Vitória), e outras que motivo dos condicionalismos" actuam de modo diverso, pugnando por outros expedientes.

Com efeito, no final da contenda, o caldo entornaria de modo irreversível muito por culpa da "dualidade cúmplice nos critérios da arbitragem" do juiz Paulo Baptista que expulsou o guarda-redes Palatasi. A partir desse momento do "... mimo nada simpático de Éder a Afonso Martins ajudou à confusão generalizada no final do jogo." Confusão essa, gerada, pois, pelos "critérios disformes" da arbitragem consubstanciados pela "aplicação dos critérios de arbitragem estabelecidos pelos regulamentos. Desigual na sanção (ou não) de faltas idênticas, o trio de arbitragem (...) esteve técnica e disciplinarmente mal ao ponto de maltratar a arbitragem portuguesa."

Os nervos haveriam de passar para as bancadas do D. Afonso Henriques, tendo como alvo a equipa de arbitragem, mas, também "as cadeiras do renovado espaço desportivo" que serviram de arma de arremesso para os adeptos.”

Num cenário de absoluto descontrolo, valerá a pena citar as palavras de Pedro Xavier, na altura presidente da Assembleia-Geral do Vitória, que confessou que "Há muitos anos que ando no futebol e nunca me tinha envolvido em nada do género", pois, "o Boavista veio cá com uma filosofia de antijogo, mas o que mais incendiou o jogo foi o árbitro, que presenciou tudo e que deu ao Boavista o benefício do infractor."

A partir desse momento, começaria o que já tantas vezes os vitorianos experimentaram e que passou pela sua crucificação em praça pública, sem direito a defesa, a que se acrescentaram uma série de insultos, ficando na história a denominação de energúmenos. Mas, isso, infelizmente, já sabemos como a imprensa portuguesa funciona...

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