O voleibol feminino, com o Rei ao peito, tem tradições que remontam à década de 80 do século passado. Aliás, as meninas vitorianas, através dos escalões de juvenis, foram as primeiras a sagrarem-se campeãs nacionais numa modalidade colectiva do clube e as seniores também, quase, o conseguiram.
Porém, a modalidade haveria de ser suspensa já na segunda metade desse decénio, para durante muitos anos não ser praticada. Aliás, na década seguinte a aposta haveria de recair nos masculinos, com os inesquecíveis resultados que todos conhecemos: campeões nacionais, vencedores da Taça de Portugal e extraordinária prestação na Liga dos Campeões, para além de outra final do campeonato e outras finais da prova rainha da modalidade.
Contudo, o voleibol no feminino no escalão sénior haveria de regressar ao Vitória conseguindo a promoção ao escalão maior, ainda que de modo atípico, no final da época 2019/20.
Assim, o exercício de 2020/21 seria de adaptação a um novo escalão com as inerentes dificuldades ao mesmo. Contudo, depois da manutenção conseguida, o ano de 2021/22 exaltaria de novo as paixões do voleibol feminino no Vitória.
Deste modo, nomes como a hondurenha Samaret, as argentinas Florencia, Greta Martinelli e Camila, as brasileiras Manuelle e Jéssica e as portuguesas Maria Carlos, Mariana, Joana Bragança, as Beatriz (Machado e Passos), Ana Sofia e Diane Oliveira, fizeram os vitorianos voltarem a olhar para a modalidade com redobrada atenção.
Atenção essa que, para além do sétimo lugar final no campeonato, ainda que durante grande parte do mesmo tivessem feito sonhar com uma posição mais alta, se centrou na fantástica campanha que as Conquistadoras protagonizaram na Taça de Portugal. Com efeito, depois de terem batido o Vilacondense na negra, em casa deste, seguiu-se a partida frente ao Castelo da Maia num pavilhão vitoriano ao rubro. Seria um mero pro-forma para o final four que haveria de se disputar em Viana do Castelo.
Na cidade do Alto-Minho foram muitos os vitorianos que naquele dia 18 de Março de 2022 se deslocariam ao pavilhão para apoiarem as atletas vitorianas contra o favorito Sporting. Nesse dia, apesar das Leoas terem vencido o primeiro parcial por 25-20, assistiu-se a um extraordinário desempenho colectivo da equipa que não daria hipóteses, triunfando nos três sets subsequentes de enfiada (25-21, 25-23 e 25-22).
O sonho tornava-se realidade e muitos seriam os vitorianos que no dia seguinte optaram por rumar a Viana do Castelo apoiar as meninas frente ao Leixões na final, ao invés de assistirem à partida da equipa de futebol perante o Sporting, no D. Afonso Henriques, a disputar à mesma hora. Contudo, como algumas vezes tem acontecido na história do clube, no momento mais decisivo as vitorianas soçobrariam sendo derrotadas.
Apesar disso, já tinham conseguido a sua maior vitória... fazer despertar um clube e uma cidade para uma modalidade que desencadeara paixões muitos anos antes! E isso será daqueles "troféus" que durará para sempre...