I - Ponto prévio - Não servirá de desculpa para mais uma exibição infeliz do conjunto vitoriano. Mas, mais uma vez, na hora da verdade, Luís Godinho, depois de chamado pelo VAR, decidiu de modo a prejudicar o Vitória. Bastará lembrar como, quando chamado a decidir já no longínquo mês de Outubro, na partida contra o Boavista, lesou os interesses vitorianos. Dois pesos e duas medidas, sempre com um denominador comum: decisões no prejuízo do Vitória.
II - Não se diga, contudo, que o Vitória perdeu por causa de mais uma arbitragem parcial, discricionária e lesiva de um juiz, que numa carreira de 20 anos, q só se lembrou que foi insultado após o triunfo vitoriano em Braga... e por um adepto do conjunto vencedor. O Vitória perdeu por culpa própria e, desta vez, nem pode lamentar qualquer maldição de último minuto, das bolas no poste, dos falhanços incríveis como tem acontecido em muitos jogos do presente ano. A exibição dos Conquistadores foi um rotundo zero, tal como Luís Freire reconheceu na flash interview, onde a incapacidade imperou, o deserto de ideias foi uma constante e a vontade de vencer raramente existiu.
III - Mais do que isso, o Vitória foi uma equipa insegura. Propensa aos erros e às desconcentrações. Uma equipa que, durante a primeira metade, ainda conseguiu criar duas flagrantes oportunidades de golo e em que Telmo Arcanjo conseguiu ser o espelho do conjunto: pouco frio, precipitado e incapaz de transformar em lucro a chance com que se deparou. Se a qualidade de jogo foi diminuta, a imaginação e criatividade quase nulas, que equipa resistirá ainda ao desperdício?
IV - A segunda metade, por estranho que pareça, ainda foi pior. Começou com (mais) um terrível lapso de João Mendes, secundado pela abordagem precipitada de Rivas a João Carvalho. Como resultado, o estorilista isolou-se e bateu o desamparado Bruno Varela. Ao menos, atendendo ao tempo de jogo que faltava disputar, esperava-se que a equipa despertasse. Puro dos enganos! O avançado Michel continuava a ser incapaz de segurar uma bola, ainda que fosse mal serviço. Nuno Santos insistia nos números para a plateia. O trio do meio campo era incapaz de imprimir velocidade no jogo...e assim o Estoril, de cadeirinha, controlava o jogo sem se preocupar muito!
V- Tentou o treinador Luís Freire mexer na equipa. De modo atabalhoado e confuso, diga-se. Ao ponto de tirar o inconsequente Arcanjo e colocar mais um avançado e deixando Maga a fazer a ala direita toda e com Nélson Oliveira ao lado de Michel. Um modelo confuso, próprio do emaranhado estratégico e mental que a equipa apresentou esta tarde. Ora, se no campo não há ideias e no banco há confusão, o desenlace não poderá ser o desejado!
VI - E assim sucedeu, ainda que o técnico vitoriano tenha percebido o quão desequilibrada estava a equipa, passados treze minutos, quando colocou o estreante Vando Félix para o lugar de Samu. O Vitória passou assim a actuar com dois homens na área que procuravam beneficiar da capacidade criativa de Tiago Silva e de João Saraiva Mendes. Contudo, a jogar a cinco à hora, sem capacidade de improviso e de aceleração, não podem existir milagres. E, apetece perguntar, onde ficou aquela equipa que tinha prazer em jogar futebol, que, mesmo com erros primários que lhe custaram muitos pontos, merecia sair do relvado acarinhada pelos nossos aplausos, apoiada pelas nossas palavras pelo modo frenético e dedicado com que encarava os noventa minutos?
VII - Assim, chegaríamos ao final da partida, ainda que no final existisse o polémico lance a que já nos referimos, decidido contra o Vitória. No momento em que se soube que o clube iria apoiar Nuno Lobo para presidente da Federação Portuguesa de Futebol aplaudimos. Era uma pedrada no charco contra um sistema que tantas vezes prejudicou os interesses vitorianos.
Contudo, fomos inocentes, crédulos e ingénuos. A democracia e a liberdade de escolha ainda não chegou ao futebol português. Quem tem a faca e o queijo na mão no futebol português está a massacrar o Vitória por ter ousado pensar de maneira diferente.
E, sem querer fazer do Vitória um Egas Moniz dos tempos modernos, tal far-nos-á reflectir como, futuramente, o Vitória deverá encarar um processo onde a vingança, a retaliação e os ódios estão sempre presentes.
VIII - Com este resultado, a temporada, a nível de campeonato, poderá estar irremediavelmente comprometida. Um balão que encheu-se de modo espampanante desde o início da temporada mas que depois de, lentamente, ir-se esvaziando, rebentou com estrondo.... para desilusão de todos nós que até, à presente data, fomos construindo castelos de areia em forma de sonhos nacionais e europeus.
IX - Outra verdade, terá de ser dita. A excelência de um caminho é feito mediante as condicionantes que temos. Gerir um clube de futebol não será, necessariamente, estar à frente de uma linha de produção ou de uma empresa. E, por muito que nos custe, as jóias que foram vendidas pela necessidade de controlar um passivo, para o qual nunca existiram soluções, não foram devidamente substituídas. Como diria Cruyff "se o dinheiro ganhasse jogos, entravamos em campo com onze sacos dele..:" Para bom entendedor...
X - Segue-se, agira, a partida frente ao AVS SAD, onde os Conquistadores conheceram a primeira derrota do campeonato, ainda no tempo de Rui Borges.
Os tempos mudaram. Como já escrevemos, os sonhos já esbarraram numa atroz realidade. Os desejos de um ano em grande já deram lugar ao pragmatismo da necessidade de ganhar tranquilidade e vencer, lembrando que desde o derby minhoto os Conquistadores, apenas, triunfaram em duas partidas. Parco, numa ilusão que foi sendo maquilhada enquanto existiam competições europeias. Mas, que, agora, bateram de frente com o que está a suceder... por isso, mais do que tudo, importa retomar o caminho dos triunfos para, acima de tudo, não deixar que quem vem atrás não ultrapasse os Conquistadores.
XI - VIVA O VITÓRIA...SEMPRE!