Aquele Vitória de 1995/96 prometia muito.
Nomes como Neno, Arley, Soeiro Vítor Paneira, Capucho ou Edinho faziam os vitorianos sonhar com grandes feitos... que não haveriam de chegar com o treinador escolhido por Pimenta Machado para substituir Quinito, Vítor Oliveira.
Seria, pois, com Jaime Pacheco ao leme que os Conquistadores atingiriam o auge daquela temporada, conseguindo fazer uma segunda volta quase irrepreensível, sendo mesma o conjunto que mais pontos amealhou nesse período do campeonato.
Porém, Pacheco teve de lidar com alguns problemas, tendo que usar o seu conhecimento como "velha raposa" do futebol para lidar com os muitos egos que existiam no balneário. Entre eles, estava Vítor Paneira que haveria de tornar-se num dos atletas mais relevantes daquele período dos Conquistadores.
Mas, antes disso, viveria tempos de difícil convivência com Pacheco a ponto deste o ter deixado a suplente na terceira partida em que orientou o Vitória, e que terminou com um triunfo em Leiria, sobre a União, por duas bolas a uma, com golos de Edinho e de Dane. Como Pacheco referiu em entrevista a Rui Miguel Tovar no Zerozero, "Vejo-o com phones no banco. ‘Tira essa m***** daí, senão vais já com o c******’. Ganhámos 3-2, golo de penálti do Paneira, no último minuto. E ele meteu a bola no meio da baliza." Pese a imprecisão de memória, pois, Paneira nem sequer foi chamado a jogar esse jogo, tendo entrado do banco Arley, Basílio e Gilmar, nem sequer, como já vimos, o Vitória venceu pelo resultado mencionado, esta história permite perceber como foi conturbada a convivência entre o treinador e uma das maiores estrelas do futebol português naquele período.
Rapidamente, contudo, tudo mudaria, a ponto da colocação de Paneira a interior direito no meio-campo vitoriano fazer dele a estrela da companhia, dando uma segunda juventude a uma carreira que temia-se que estivesse a caminhar para o seu ocaso. A ponto do treinador, percebendo da necessidade de contar com o seu talento, protegê-lo até do inimaginável, como confessou na mesma entrevista. Assim, "Um dia, a uma quarta-feira, quando havia treino de manhã e à tarde, o Paneira apareceu-me jaaasus. Não estava bem. Nem completava as frases, estava bêbado. Disse-lhe ‘atira-te para o chão e desaparece-me da frente’. Ele agarrou-se ao joelho e saiu de cena."
Porém, como atenuante deste dia diferente para o inesquecível número 7 vitoriano, o facto de "se fizesse um teste físico, o Paneira era sempre o melhor. E ele, no jogo, também era o melhor. O rendimento sempre foi superior a todos os níveis: fisicamente, tecnicamente."
Por isso na entrevista, bem como em outras publicações, haveria de reiterar a ideia que "Para mim, e disse-o várias vezes aos adeptos do Vitória, o melhor jogador da história do clube foi o Vítor Paneira." E quem o viu jogar, não fazendo por desmerecer qualquer atleta, até poderá tender a concordar...