Fernando Caiado foi quase um homem de providência no Vitória nas décadas de 60 e 70 do século passado.
Com efeito, depois de ter substituído em condições muito adversas o técnico brasileiro Gilberto Carvalho, após a doença deste ter-se revelado de modo galopante, na temporada de 1969/70, conseguiria passar uma eliminatória na participação inaugural do Vitória nas provas europeias, bem como classificar a equipa Conquistadora para mais uma prova uefeira na temporada subsequente.
Seria substituído no final desse ano pela ilusão sebastiânica chamada Jorge Vieira, que não teria o êxito esperado, nem sequer acabando a temporada, tarefa que coube a Peres como jogador-treinador.
Seria Mário Wilson a comandar a equipa após esse momento, onde ficaria até à temporada de 1974/75, dando lugar a Fernando Caiado, que na temporada seguinte, quase tocaria o céu não fosse António Garrido impedi-lo de vencer a Taça de Portugal. Ainda permaneceria de Rei ao peito para mais uma temporada que findaria de modo cinzento com um nono posto na tabela e eliminado da Taça FPF pelo eterno rival numa polémica arbitragem do juiz Guilherme Alves, em desfavor do Vitória.
Por isso, no final daquela temporada de 1976/77, o Vitória resolveria "baralhar e dar de novo." Partiu Caiado e regressou Mário Wilson, numa escolha justificada pelo presidente Gil Mesquita no jornal do clube. Deste modo, segundo ele, "Fernando Caiado não conseguiu esta época realizar um trabalho igual à anterior pelos factos que acima referi". Estes atinham-se com a participação na Taça Intertoto que massacrou fisicamente a equipa, alguma infelicidade, bem como um conjunto de perniciosas arbitragens que empurraram o Vitória para lugares pouco consentâneos com o seu valor. Assim, "... com a particularidade de viver intensamente os problemas que afectam as Direcções dos Clubes, Fernando Caiado entendeu ser a altura de partir e (...) transmitiu-nos esse desejo apresentando argumentos que consideramos irrespondíveis."
Haveria de abandonar o clube "depois de uma cerimónia simples efectuada no Estádio Municipal para transmissão dos poderes a que assistiram vários directores os atletas ofereceram-lhe um jantar de despedida. Posteriormente também os Directores do Vitória ofereceram um jantar a Fernando Caiado a que se associou o Snr. Egídio da Costa Pinheiro, Presidente da Assembleia Geral do Vitória e Daniel Barreto, treinador adjunto." Neste, o treinador confessou que "... apesar de todas as vicissitudes, levava as melhores recordações do Vitória, onde sempre lhe foi prestada a imprescindível colaboração por todos aqueles que com ele trabalharam."
Para o lugar dele, a escolha recairia no regresso de Mário Wilson, que nas palavras do presidente era "... o treinador que nos pareceu reunir melhores condições, uma vez que conhece perfeitamente o ambiente desta Cidade, bem como a maior parte dos jogadores que formam o plantel. É de esperar, portanto, um bom trabalho, até porque se trata de um Técnico suficientemente credenciado para nos tranquilizar quanto ao futuro." Não sabia, ainda, que Wilson não seria capaz de conquistar o desejado apuramento europeu e que haveria de sair em litígio, após uma escaldante assembleia-geral em que foi deliberado que não mais poderia treinar o Vitória... mas isso, serão outras histórias!