COMO AUGUSTO INÁCIO SENTIU TER-SE METIDO NUM VIETNAM, GRAÇAS A UM GRUPO DE GABIRUS, MAS FOI CAPAZ DE FAZER UM TRABALHO MERECEDOR DE TODOS OS ELOGIOS...

A chegada de Augusto Inácio na temporada de 2000/01 deu-se em clima de plena preocupação. Na verdade, o projecto que deveria ser de fundo com Paulo Autuori houvera fracassado e a escolha de Álvaro Magalhães como substituto ainda se revelara mais infeliz.

Assim, Pimenta Machado teria de ter muito cuidado na escolha do terceiro treinador desse exercício, pelo que não olhou a esforços e, depois de ter tentado Mourinho que não atendeu o telefone, apostou em Augusto Inácio, então o técnico campeão nacional que fora capaz de quebrar o longo jejum do Sporting.

Porém, como o próprio reconheceu em entrevista ao jornal Expresso de 25 de Fevereiro de 2018, as primeiras impressões da cidade e do clube, atento a posição delicada em que se encontrava, não foram as melhores, atento as debilidades que encontrou no grupo. Aliás, como referiu, "O grupo era uma grande merda, não queriam trabalhar e eu pensava: “Como é que nos safamos com estes gabirus todos aqui?"

Porém, apesar disso, havia que trabalhar, fazendo tábua-rasa das dificuldades e conseguir a salvação, levando a que "Lá fomos, lá fomos, na última jornada salvamo-nos e, de 24 jogadores, 19 foram embora. Só ficaram cinco. Mas foi um trabalho que deu um gozo do caraças."

Uma limpeza que obrigou a um trabalho de base na formação do plantel seguinte e que haveria de levar à inesquecível temporada de 2002/03, quando "aquilo encaixou tudo. O ambiente, o dia a dia, a tática. Eu não fazia a tática em relação ao adversário, eu fazia a minha tática. Quando saía de casa pensava “vou ter com os meus meninos”, todo contente. Eu chegava e só ouvia: “Vem aí o homem”. E ficavam todos em sentido."

O apogeu de um trabalho que teria também respaldo na paixão pela cidade, ainda que, como reconhecesse, com um circunstancialismo especial, único, pois " depois Guimarães, aquilo é uma cidade...quando não corre bem...quando lá cheguei estavam a lutar para não descer de divisão e livrámo-nos na última jornada. O presidente era o Pimenta Machado. Quando cheguei disse para os meus adjuntos: “Em que grande Vietnam nós viemos meter”. Um Vietman que seria vencido, pese embora, o seu despedimento na época de 2003/04, mas isso será outra história!

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