Alex nasceu no Vitória.
Ainda menino entrou na Unidade para cumprir todos os escalões de formação e só sair quando os responsáveis vitorianos acharam que não estava pronto para corresponder às exigências da equipa sénior.
Seria, por isso, já homem feito que em 2004, como jogador do Benfica, regressaria ao emblema do Rei por empréstimo, para fazer, provavelmente, a melhor temporada da sua carreira, o que lhe abriu as portas da selecção nacional e de uma aventura no estrangeiro no Wolfsburg.
Voltaria a casa em 2009 para ajudar o clube nos seus objectivos. Provavelmente, jamais terá pensado viver um turbilhão de tamanhas emoções, de dificuldades que requereram superação ao máximo e... que seriam recompensadas com a conquista do maior troféu que alguma vez o Vitória conquistou: a Taça de Portugal de 2013.
Refira-se que, fruto de uma lesão, Alex chegou à justa ao jogo. Sem condições para actuar 90 minutos, seria remetido ao banco de suplentes, com Kanu a jogar na lateral direita. Assim seria o esquema da equipa, até Rui Vitória apostar em colocar Ricardo a lateral direito e Marco Matias à sua frente...e fazer jackpot, com o actual jogador do Leicester, embalado de trás, a marcar o golo que selou a felicidade de todos os Conquistadores.
A partir desse momento, urgia remodelar o modelo táctico, dar-lhe uma postura mais conservadora e consistente, mais próximo do arquétipo original apresentado, colocando um lateral que ajudasse a fechar aquela porta às investidas encarnadas. Seria, obviamente, Alex, que, contudo, cedeu às emoções de vitoriano de sempre e para sempre. Como confidenciou ao Desportivo de Guimarães, em entrevista publicada a 04 de Junho de 2023, "como jogador experiente não consegui controlar a minha emoção."
Uma emoção tão forte que "lembro-me que o Rui Vitória, após o 2-1, me pediu para ir aquecer, mas o que sentia naquele momento cegou-me completamente." Uma cegueira tão grande que "não conseguia libertar-me daquela emoção, fiquei um pouco desorientado." Assim, em vez de entrar em campo, "... tive de vir ao banco conversar com o médico porque não estava a sentir-me bem."
No fundo, Alex, o Domingos Alexandre Costa, nascido para o mundo e no futebol em Azurém, no Bairro Pimenta Machado, tinha em si o que os 13000 que estavam na bancada tinham mais os que tinham ficado no Toural: "- Sentia que estava muito próximo e que não podíamos deixar escapar aquele momento. Estava tão nervoso, tão ansioso.... mexeu muito comigo, só me faltava estar na bancada com os vitorianos, desejoso que o jogo acabasse." Atendendo a esse facto, agia como todos agiam, ainda com o handicap de não poder olhar para o relógio para desejar que os ponteiros voassem, pelo que "acho que perguntava ao Luís Esteves quanto faltava de 30 em 30 segundos e o tempo não andava. Eu era um adepto que andava ali perto..."
Já com a certeza que não entraria no jogo mais importante da sua carreira, entraria na eternidade ao levantar o desejado troféu na qualidade de capitão de equipa...aquele, que por ele, ficou desorientado, com o coração a palpitar e a sofrer como o menino que via os ídolos a entrar no relvado e desejava ardentemente a sua vitória... Uma vez vitoriano, sempre vitoriano!