COMO PIMENTA PREMIOU (DE MODO PRINCIPESCO) OS JOGADORES, PARA DE SEGUIDA DESPEDIR O TREINADOR, POUCO SE IMPORTANDO COM O FACTO DO VITÓRIA TER FEITO A MELHOR EXIBIÇÃO DA ÉPOCA SÓ TRAÍDA POR AQUELE QUE FORA O SEU ABONO DE FAMÍLIA

Aquela temporada de 1987/88 estava longe de ser pacífica. O Vitória, orientada por René Simões, o sucessor de Marinho Peres estava a anos-luz da excelência do ano anterior, o que fez mesmo o presidente Pimenta Machado despedi-lo, para voltar atrás e dar à luz a frase mais marcante de 24 anos de mandato: " - O que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira."

Porém, Pimenta seria sempre um homem de ideias fixas e naquele momento, o treinador brasileiro ficou com o destino traçado. Seria despedido à nona jorna, curiosamente após, como escreveu o Jornal do Vitória de 23 de Outubro de 1987, ter realizado uma "exibição ao nível dos bons velhos tempos."

Como escreveu a consultada publicação, "para isso contribuiu também o Sporting que acicatou os ânimos dos jogadores vitorianos que deram em Alvalade uma autêntica lição de futebol, um espectáculo de regalar os olhos, mas evidenciaram também formas como se não deve nem pode falhar tantos golos." Apesar disso, a equipa constituída por Jesus; Costeado, Nené, Miguel, Basílio; Nascimento, Carvalho, Adão; Ademir, Décio António e Caio Júnior, haveria de estar por duas vezes em vantagem no marcador graças aos golos de Caio Júnior e de Ademir para ser duplamente traída por aquele que, nas duas temporadas anteriores, fora o seu maior abono de família... um tal de Paulinho Cascavel!

Atendendo ao sucedido, como escreveu o jornal Semanário Desportivo de 16 de Outubro desse ano, "René Simões saiu de Alvalade para dormir um sono descansado. Tinha razões para isso: o Vitória não venceu, mas convenceu." A ajudar a esse facto, a tranquilidade que lhe dava o conhecimento de que "Pimenta Machado pagou, pelo empate que a sua equipa obteve em Alvalade, o prémio inteiro que tinha estipulado para uma vitoria sobre o Sporting: 300 contos", sendo que a título de curiosidade o prémio dos jogadores leoninos era de metade, mas como cederam uma igualdade não haveriam de receber um tostão.

Tal poderia indiciar que as nuvens negras sobre o treinador tinham-se dissipado e Pimenta voltara a confiar no treinador... Puro engano! No dia seguinte, em Guimarães, seria despedido... mas isso já é outra história!


 

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