Aquela temporada de 2005/06 correra pior do que o mais pessimista adepto vitoriano poderia esperar. Depois da profunda remodelação que o plantel vitoriano fora sujeito no início da temporada, a descida de divisão foi um doloroso desenlace que causou um verdadeiro turbilhão.
Turbilhão esse que levou a que direcção liderada por Vítor Magalhães fosse duramente contestada, com os sócios a exigirem responsabilidades pelo malogro e, muitos deles, a pedirem a destituição dos órgãos sociais.
Por essa razão, os órgãos sociais da altura tiveram uma atitude digna de registo: solicitaram uma moção de confiança, destinada a que se pusessem em cima da mesa todos os argumentos favoráveis e adversos à continuidade dos órgãos que geriam o clube.
Naquele dia 02 de Junho de 2006, uma figura teve especial relevo. O presidente da Assembleia-Geral, Fernando Alberto Ribeiro da Silva, demonstrou a sua inata capacidade em lidar com momentos como este, conseguindo gerir uma reunião de ambiente tenso, de nervos à flor da pele, de iminência de confrontos físicos e de acusações dos partidários da direcção e dos seus opositores. Nesse dia, comprovou-se a importância da existência de um presidente da Assembleia-Geral à altura dos pergaminhos do clube.
Perante 3000 adeptos, que começaram por em uníssono manifestarem a sua indignação pela "queda no inferno", a verdade é que durante as cinco horas que contou a reunião magna, com polícia à paisana a controlar de longe os presentes, tudo começou com o líder da mesa a pedir calma a todos, exortando a que todos remassem para o mesmo lado, pois será sempre mais forte o que une todos os vitorianos do que aquilo que os separará.
Foi assim que conseguiu serenar os ânimos, para mais de 30 associados passarem pela bancada onde se encontrava o microfone para as intervenções, pontuadas por aplausos, assobios, apupos...ou até insultos que, prontamente, eram abafados. Fruto destas intervenções e subsequentes respostas, deram-se a conhecer as razões de uma dolorosa despromoção, bem como desenvolvimentos de casos como os de Paco Gallardo e de William Tiero. Por fim, o presidente do clube assumiu a responsabilidade” do insucesso, mas apontou ter contratado “jogadores internacionais e treinadores credenciados” que “não estiveram à altura das circunstâncias”.
No final, a votação, feita de braço no ar, levou a que Vítor Magalhães e os demais órgãos obtivessem a confiança que pretendiam para prepararem uma temporada que se esperava que fosse de retorno à Primeira Divisão. Além disso, reiterava pretender sair do clube com a mesma dignidade com que entrou.
Não seria, contudo, com ele que tal sucederia...pois, acabaria por decidir não se recandidatar ao acto eleitoral que iria decorrer daí a nove meses!
Uma das assembleias, provavelmente, mais polémicas e escaldantes de cento e um anos de história...