Aquela temporada de 2005/06 foi de pesadelo. Passados 48 anos, o Vitória haveria de descer de divisão, num desenlace doloroso e inesperado.
Porém, no mês de Janeiro tudo foi feito para evitar que tal funesto acontecimento ocorresse. A direcção de Vítor Magalhães afadigou-se em dar outros argumentos ao plantel orientado por Vítor Pontes, apostando nas contratações dos laterais Vítor Moreno e Paíto, do médio defensivo Otacílio, do médio ofensivo Wesley, do avançado Antchouet... e do extremo espanhol Francisco Gallardo.
Proveniente de Sevilha, era uma das grandes esperanças do clube andaluz, que começava a forjar a equipa capaz de vencer a primeira das sete Ligas Europa que já conta nas suas vitrines.
Toda a imprensa augurava-lhe um talento inebriante, uma capacidade de desequilibrar na ala acima da média e uma irreverência própria dos grandes génios que, em certa medida, ter-lhe-ia custado o afastamento do clube sevilhano. Na verdade, Paco, como era conhecido, deixou de encontrar paz no clube por durante o festejo de um golo da sua equipa, ter simulado gestos explícitos e ousados para com um colega de equipa... o que correu mundo!
Depois de um ano de tirocínio no Getafe, seguiu-se meia temporada sem sequer calçar em Sevilha... até que Janeiro de 2006 trouxe-lhe a possibilidade do Vitória. Era um extremo numa equipa que, Jaime Pacheco quando ainda estava ao comando da mesma, houvera reputado de "avião sem asas".
Por isso, quando se estreou no tranquilo desafio da Taça de Portugal, perante um depauperado Estoril, entrando na segunda metade, pensou-se ser o início de uma bela história. Estávamos a 11 de Janeiro de 2006 e com o novo ano vinha uma nova equipa e, certamente, novos e valiosos jogadores que iriam ajudar a inverter a espiral negativa.
Depois da estreia, quatro dias depois, Paco jogou 55 minutos no empate frente à Naval Primeiro de Maio na Figueira da Foz, para regressar a casa no desafio frente ao Rio Ave, a 21 de Janeiro.
Num jogo tido como importantíssimo para a salvação vitoriana, o extremo foi titular. Ajudou na medida do possível à equipa resgatar um ponto graças ao golo de Saganowski, para sair do jogo aos 86 minutos, dando lugar ao moçambicano Dário.
Não mais jogaria no Vitória, abandonando o clube, logo de seguida. Em 10 dias fez 3 jogos e 186 minutos para abandonar Vitória e Guimarães... segundo as más línguas dizem, impulsionado pela sua mulher, desiludida por não ter rumado a uma urbe cosmopolita onde pudesse ter a oferta aquisitiva que desejava para fazer compras.
Paco rumou Corunha para jogar na Corunha, terminando a sua carreira em 2014 ao serviço dos húngaros, bem conhecidos do Vitória, do Puskas Akademia. No pretérito ano foi treinador adjunto na Premier League, ao serviço do Leeds United, orientando, igualmente, a equipa sub-21 do clube.