Jean Luciano já era passado. Com efeito, o treinador francês depois de ter realizado duas temporadas no Vitória, uma brilhante que foi a de 1965/66 e outra mediana que foi a subsequente, pelo que urgia apostar num novo técnico para a de 1967/68.
A aposta recairia em Juca que foi apresentado a 20 de Julho de 1967, que era descrito no jornal A Bola do dia 22 desse mês e ano como um "treinador português com magníficas credenciais.", ainda que só tivesse orientado o Sporting na temporada de 1961/62, onde como o próprio referia, "por acaso, até fomos campeões."
Ao contrário do que sucede hoje em dia, a apresentação era feita com todo o plantel presente, pelo que "o presidente Egídio Pinheiro, no uso da palavra, apresentou Juca, falou do espírito de colaboração que teria de reinar no departamento de futebol e aceitou a disposição directiva de inflexibilidade disciplinar."
Juca, esse, não deixaria nenhuma carta escondida acerca do seu modo de trabalhar. Assim, disse logo que "os treinos se fariam de tarde e o recolher obrigatório se teria de verificar às 23 horas. Distribuiu pelos jogadores o regulamento do departamento, para orientação de cada um deles e referiu a necessidade de todos se manterem disciplinados, para evitar sanções."
Ao jornal consultado, iria mais além ao esclarecer que pretendia "observar os elementos que o clube tinha emprestado, às terças e sextas-feiras, pelas 18 horas, efectuaremos sessões de bola com uma equipa de juniores." Contudo, num tempo em que a preparação sem bola era tida como primordial, ao contrário de hoje a componente física está em simbiose com a recriação com o esférico, assumia que "para já, procuraremos alcançar a desintoxicação e a adaptação necessária, incluindo banhos e massagens diários, a fim de preparar os jogadores para o esforço da temporada. (..) Com o decorrer dos dias intensificaremos a preparação. (...) A partir da próxima segunda-feira, é mesmo natural que possamos começar a trabalhar com a bola, em puro treino de técnica individual." Quanto aos treinos de conjunto, afirmava algo completamente diferente do que vamos vendo nos dias de hoje, pois "julgo que ainda os não haverá na próxima semana. Talvez para a outra. As indicações diárias o determinarão concretamente."
Este projecto, como o próprio confessava, tinha em atenção o facto de, segundo ele, "o Vitória já se habituou a terminar o campeonato entre os primeiros. E esse hábito, naturalmente, representa para mim uma resposnsabilidade. Uma grande responsabilidade, até." Responsabilidade essa que seria incapaz de suportar completamente, com o Vitória a terminar o campeonato no sexto posto a sete pontos do quinto posicionado, o seu homónimo sadino. Mas isso, já será outra história...