UM REGRESSO INFELIZ GRAÇAS A UMA EQUIPA ENVELHECIDA

Para aquela temporada de 1970/71, o Vitória não ligou ao velho chavão de "nunca voltes ao local onde foste feliz."

Assim, depois da partida de Fernando Caiado, a direcção de Antero Henriques da Silva Júnior, que assumira a liderança do Vitória nessa altura, apostou num homem que tinha deixado saudades e que tinha deixado todos os vitorianos a suspirar aquando da sua partida por questões pessoais. Com elas resolvidas, Jorge Vieira voltou à Cidade Berço para assumir o comando técnico do Vitória na época de 1970/71.

Porém, deparou-se, desde logo, com um problema que procurou desdramatizar. Tal passava pela veterania de uma equipa, cujo núcleo duro, composto por Manuel Pinto, Joaquim Jorge, Artur, o capitão Peres, Mendes, Daniel e o guarda-redes Roldão, houvera passado junto grande parte da década anterior, sendo os obreiros de inesquecíveis e irrepetíveis histórias.

Atento ao fantástico curriculum que estes homens ostentavam, a direcção dos Conquistadores terá cometido um insanável erro. Acreditou que seriam capazes de fazer mais uma boa e, talvez, última temporada, antes de se avançar para um processo de remodelação que se antevia necessário.

Este modo de pensar era defendido por Jorge Vieira, o regressado técnico, que encontrou a maioria dos homens que, com ele, fizeram história, levando os Conquistadores ao terceiro posto da tabela. Aliás, em declarações públicas e instado a comentar o envelhecimento dos seus homens-chave, haveria de referir que "idade não joga. O jogador não leva o bilhete de identidade para o campo. Os calções até não têm bolsos. Um atleta, de vida regrada, pode durar muito. Estudarei a capacidade do plantel. Se for imperiosa uma renovação esta terá que processar-se lentamente. Remodelar uma equipa de fio a pavio é uma loucura. A renovação tem que ser metódica e racional. Ir aos poucos para chegar longe.”

Enganar-se-ia redondamente... com a equipa a estrear-se a perder na primeira jornada no Restelo, frente ao Belenenses, numa exibição que quem viu, descreveu como "de meter dó", para só vencer no campeonato à sétima jornada em casa do Varzim, ainda que nesse período difícil tivesse eliminado os franceses do Angouleme nas competições europeias.

Esse triunfo na Póvoa seria a última vez que Jorge Vieira triunfaria num jogo do campeonato com o Rei ao peito... uma série de doze jogos na prova maior em que a equipa não foi capaz de vencer, haveriam de ditar-lhe o destino. Nesta série, perderia por seis vezes, empatando outras tantos, sendo o derradeiro nulo em casa, perante o Leixões, o desencadeador da "sua sentença"! Abandonaria o comando técnico do Vitória, cabendo ao jogador Peres a difícil missão de, enquanto jogador-treinador, tentar evitar a queda no segundo escalão. Consegui-lo-ia num inesquecível desafio nas Antas, frente ao FC Porto, mas isso já será outra história!

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