COMO AQUELA VIAGEM A FRANÇA, COM FINS CATÓLICOS, DESENCADEOU UM SABOROSO REENCONTRO, PARA ACABAR NUMA ENORME CONFUSÃO, ESSA NADA CATÓLICA!

Uma grande história para contar e, provavelmente, esquecida pelo tempo...

Com efeito, o Vitória fizera uma inesquecível campanha, conseguindo um extraordinário terceiro posto que lhe granjeou um enorme prestígio, inclusivamente internacional.

Por essa razão, o Banco Português do Atlântico em conjunto com o Banco Franco Portugaise, resolveram proporcionar uma partida de futebol entre os Conquistadores e o Lyon, onde pontificavam nomes como o checoslovaco Jan Popluhar e o argentino Ángel Rambert, com a receita a reverter para a Missão Católica Portuguesa de Clermont Ferrand, terra de muitos emigrantes.

Uma contenda que começou com toda a comitiva a ficar de lágrimas aos olhos, quando mal tinha colocado os pés no aeroporto de Paris. Assim, a esperar a comitiva estava um alentejano de nome, André Matos Pechincha. Um nome que contado assim pouco dirá a quem nos lê, mas que na verdade era o pai do guarda-redes Xico Rodrigues e que, por estar emigrado em França, já não estava com o filho há cinco anos. Um reencontro que a todos deixou com pele de galinha e a sentir que o jogo, independentemente do que sucedesse, tinha valido a pena...

Porém, o jogo, disputado no Estádio Marcel Michelin, e em que os Conquistadores alinharam com Rodrigues; Gualter, Costeado, Artur, Daniel; Peres, Carlos Manuel; Zezinho, Manoel, Mendes e Augusto, acabaria do modo menos católico que se podia imaginar, não obstante os, já mencionados, fins nobres do mesmo. Assim, apesar de não terem existido golos, o jogo foi inteiramente dominado pela equipa treinada por Jorge Vieira, como narrou o Comércio de Guimarães de 10 de Maio de 1969, que escreveu que "o Vitória criou algumas situações perigosas para a baliza do seu adversário, a primeira das quais quando Artur, ao emendar oportunamente a marcação dum canto por Zezinho, enviou a bola sem direcção ao poste."

Tratou-se, por isso, "de um desafio emotivo, na qual a superioridade do Vitória veio ao de cima, mercê duma classe e dum apuramento técnico indiscutíveis."

Tal levaria ao triste desenlace da partida, com "alguns jogadores do Olympique que não se conformando com a superioridade da equipa vimaranense e já nos últimos minutos do prélio, levantaram conflitos com os jogadores vimaranenses, agredindo alguns perante a condescendência dum árbitro sem categoria nem personalidade."

Perante tal arraial de pancadaria, o público, na sua grande maioria afecto ao Vitória, indignou-se. Invadiu o campo e "deu origem a que os franceses se refugiassem nas cabinas e se recusassem a prosseguir o jogo." Seriam os jogadores vitorianos, com especial destaque para Daniel, ainda há pouco tempo alvos de agressões e de entradas à margem das leis, que evitaram que os adeptos concretizassem os seus intentos."

Concluía, por isso, assim, o Notícias de Guimarães dessa data: "Os portugueses mostraram que, para além, de trabalhadores, são ordeiros, mas não admitem que os amesquinhem ou aos seus compatriotas. Foi este exemplo que nos comoveu ao terminar - e de que maneira - o encontro de futebol do Estádio Marcel Michelin."

O Vitória regressava a Portugal com uma grande história para contar...

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