Estávamos no início da temporada de 1984/85...
Uma época que tinha o aliciante de, pela primeira vez, o concelho de Guimarães ter duas equipas a actuar no principal escalão do futebol português: o Vitória e o Vizela que, pela primeira vez, ascendera ao principal escalão do futebol português.
Com o emblema vizelense ainda a actuar no seu anterior recinto, levantou-se a questão do mesmo não ter condições para receber este tipo de jogos, o que levou a que o clube solicitasse à Câmara Municipal de Guimarães autorização para poder actuar no, então, Estádio Municipal, o que fez com que o executivo municipal convidasse representantes do Vitória e dos vizelenses para discutirem uma solução que agradasse a ambos os emblemas.
Assim, o Povo de Guimarães de 13 de Junho de 1984, escrevia que "não parece assim que as questiúnculas de ordem política-administrativa que tão gravemente têm afectado as relações entre as populações de Guimarães e de Vizela venham a ter alguma influência na decisão, tudo parecendo estar dependente das compatibilidades desportivas."
Porém, ainda antes dos clubes se manifestarem, de Vizela veio uma surpreendente comunicação. Com efeito, os representantes do Movimento de Restauração do Concelho de Vizela consideraram a subida do clube da sua terra à primeira divisão "um mal", defendo a opção pelo clube actuar em Braga.
Segundo estes, "A subida do Vizela representa uma punição e não um prémio. Se há males que vêm por bem, não será incorrectos dizermos que estamos perante um bem que veio por mal."
Os argumentos para tal eram absolutamente rebuscados e aludiam ao risco de "quinzenalmente haver uma autêntica batalha campal em Guimarães, pois não faltariam vimaranenses, que apenas iriam ao futebol para hostilizar a equipa vizelense, e muito especialmente a nossa assistência."
Por isso, pasme-se, defendia a opção de jogar em Braga, pois "há grande solidariedade sócio-político entre Vizela e Braga, o que não acontece com as outras terras apontadas como alternativas." Aliás, chegavam ao ponto de ligar a política ao desporto, o que parecia ser absolutamente exagerado.
Felizmente, tal ousadia não teria seguimento. Apesar das dúvidas dos sócios vitorianos em partilharem o estádio com o vizinho, tal serviria para Pimenta Machado, de modo hábil, negociar, como contrapartida com a Câmara, um conjunto de melhoramentos no recinto e, assim, apaziguar os ânimos dos sócios que não pretendiam em Guimarães o conjunto vizelense.