PIMENTA CONFRONTADO NUM TEMPO EM QUE AS MULHERES NÃO PODIAM VOTAR...

As eleições de 1984 haviam, pela primeira vez, sido disputadas por dois candidatos na história vitoriana, que na altura contava com 62 anos.

Depois de Armindo Pimenta Machado ter perdido as eleições por larga margem, era certo que a oposição iria voltar a movimentar-se, ainda para mais com o, então, presidente em conflito com a Câmara, chegando mesmo a demitir-se, para, posteriormente, continuar na liderança do clube e recandidatar-se a mais um mandato.

Por isso, naquelas eleições de 1988, em que as mulheres ainda não podiam votar, numa entorse de um país que já era democrático na sua verdadeira acepção há 13 anos, apareceu uma lista tida como forte e capaz de fazer perigar um Pimenta que, a nível desportivo, tinha vivido, no ano anterior, um dos seus momentos altos muito por culpa do terceiro lugar e da inesquecível campanha europeia do ano anterior.

A encabeçá-la estava o empresário Eduardo Fernandes, que tinha Adão Oliveira como presidente da Assembleia-Geral e Manuel Roriz, presidente do Conselho Fiscal. Como presidentes adjuntos estavam Manuel Rosendo Salgado, que houvera tentado candidatar-se em 1984, supostamente para lá do prazo estipulado para apresentar a lista, António Domingos, que houvera estado na direcção de Pimenta, sendo conhecido como o "homem do ciclismo" e que, por causa deste, se incompatibilizou com o presidente.

Como vice-presidentes estavam Alfredo Magalhães, que haveria de exercer diversos cargos no futuro vitoriano, o advogado César Pereira, Joaquim Cruz, o empresário dono das Sapatarias Carochinha, Manuel Soares, também empresário e dono da Somafer, João Freitas, que actualmente faz parte do Conselho Fiscal do Vitória e Cesário Mateus, antigo jogador da década de 50 e recentemente falecido.

Apesar da lista parecer forte, ter tentado agitar ao máximo a campanha e, naquele momento, a bola teimar em não entrar na baliza, perdendo-se Pimenta entre a escolha de treinadores e o "que é verdade hoje é mentira", a verdade é que venceria o sufrágio. Assim, dos 5822 sócios vitorianos que compareceram às urnas, 4018 apostaram na continuidade de um presidente que ganhava redobrada legitimidade para reivindicar as suas pretensões junto da Câmara Municipal.

Quase de seguida, o Vitória veria o estádio passar para seu nome, ser electrificado e recebido apoios para a edificação do seu Complexo Desportivo.

E...  as mulheres poderiam votar no acto eleitoral seguinte!


 

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