Estávamos na temporada de 1995/96...
O ambicioso Vitória, que iria ser orientado por Vítor Oliveira, para além das mediáticas contratações de Neno e de Vítor Paneira ao Benfica e dos jogadores chegados do Sporting, como Capucho e Edinho, fruto do negócio dos Pedro's, também pescou jogadores em outras latitudes.
Com não poderia deixar de ser no Brasil também chegaram atletas, como o médio ofensivo Emerson Almeida e o defesa central Arley Alvarez.
Proveniente do Cruzeiro de Belo Horizonte, onde se notabilizara por dar boleias ao, então, imberbe Ronaldo Fenómeno, que ainda não era mundialmente famoso e que, por não ter carta de condução, ia para os treinos com o defesa.
Mas, quando chegou a Guimarães, também assumiu uma especialidade: a de marcar livres, autodefinindo-se como um exímio rematado e capaz de fazer a diferença nesse movimento.
E assim, em Guimarães, no Vitória, começou a cultivar-se um mito: o dos livres do Arley que causavam uma expectativa inelutável nas bancadas do D. Afonso Henriques. Uma esperança sempre infundada, pois, o golaço num tiro colocado, ao ângulo, de força insuspeita, jamais haveria de chegar.
Na verdade, nos quatro anos em que actuou de Rei ao peito, entre 1995 e 1999 em que entrou em campo por 107 vezes, jamais conseguiria marcar o livre indefensável. Aliás, haveria de marcar, por apenas, uma vez, numa partida disputada no início do ano de 1999. Corria o dia 03 de Janeiro e, na partida frente ao Alverca, com o jogo nos seus minutos finais e empatado a um, "depois de uma arrancada de Edmilson e de uma bela assistência de N'Sunda, o central rematou rasteiro, desfazendo a igualdade." Ajudava ao triunfo do Vitória, mas continuaria sem marcar de livre até ao final dessa temporada.
Sairia do Vitória no final dessa temporada, com Pimenta Machado a argumentar, posteriormente, no auge do processo da partida de Fernando Meira, que o dispensara para abrir espaço ao jovem produto da cantera vitoriana. Ficaria para sempre recordado pelos livres que (não) marcou...