ONDE SE FALA DE MAIS UMA TENTATIVA DE REGRESSO À PRIMEIRA DIVISÃO MALOGRADA COM REQUINTES DE SADISMO, DE UM JOAQUM CAMPOS A PREJUDICAR GRAVEMENTE OS INTERESSES VITORIANOS E DE UM TAL DE ISAURINDO, DERRADEIRO OBSTÁCULO AO SONHO!

 

Estávamos na temporada de 1956/57...

O Vitória iria cumprir o segundo ano no "inferno" do segundo escalão, após a derrota nos malogrados "jogos de competência" em que o árbitro e a má fortuna fizeram pender a balança para o lado academista.

Assim, para a temporada seguinte a estrutura da equipa manteve-se sensivelmente semelhante, sendo que segundo o Notícias de Guimarães da data "conservá-la foi já um esforço exaustivo para quem o teve de fazer. E somente a ajuda generosa (de amigos do clube, escrevia-se no início da notícia) é que possibilitou o alcance do fim em vista."

Mudaria, contudo, o treinador, saindo Fernando Vaz que se despediu com agradecimento nos jornais locais, sendo substituído pelo argentino Óscar Tellechea que a imprensa vimaranense considerava tratar-se de "um treinador com reputação igual à do anterior (...) Quanto a isto não se olhou para trás, fez-se com que à frente da colectividade houvesse um homem com credenciais de competência e de disciplina."

Os Conquistadores iniciariam, contudo, em falso a segunda participação consecutiva nesta divisão, ao empatarem em casa com o Gil Vicente. A alinharem com Silva; Virgílio, Costa; Cesário, Silveira, Bibelino; Bártolo, Daniel, Rola, Lutero e Benje, não foram capazes de ir além de um empate a um, graças a um tento de Benje. Nesse dia, "o Vitória apresentou-se como uma rede sem nós, onde as suas jogadas se desfaziam como se lhe faltasse aqueles pontos de ligação que guiam a boa ordenação"

Contudo, tal jogo seria um sinal claro das dificuldades que a equipa teria. Ainda que obtivesse resultados robustos como o triunfo por sete bolas a uma em Chaves ou cinco a zero em casa da Sanjoanense, num dia em que David Sequerra do Mundo Desportivo considerou que "a defesa é muito forte, a linha média equilibrada e o ataque sequioso por golos", só seria capaz de conquistar o terceiro posto final na primeira fase, o que ainda assim lhe garantiu a passagem à fase de subida. Mesmo assim, "O Vitória, nos vinte e seis jogos que constituíram a fase de apuramento, somente umas quatro vezes não obteve pontos, isto é, foi derrotado. Por isso nunca foi problema para a equipa a sua possível não classificação."

Contudo, a fase final começaria da pior maneira. Em Vidal Pinheiro, casa do Salgueiros, o Vitória seria derrotado por duas bolas a uma, num dia em que "o Vitória queixou-se amargamente do árbitro" Joaquim Campos. Na verdade, o conceituado juiz cometeu "uma autêntica barbaridade", segundo "o locutor da Rádio que relatava o Salgueiros-Vitória, do último Domingo, a propósito da grande penalidade assinalada contra os vimaranenses. E, no dia seguinte, também toda a Imprensa foi unânime em apontar o erro do Juiz da partida, como facto que desvirtuou o resultado final do encontro."

A prova continuaria sob o signo do equilíbrio, mas com o Vitória a virar para a segunda volta em posição de subida. Era o sonho que estava mais vivo do que nunca! Contudo, uma quebra na segunda volta deixou tudo em aberto para a derradeira jornada, com Salgueiros, SC Braga e o conjunto vitoriano a sonharem com a promoção.

Na derradeira jornada, em Faro, perante o Farense, o sonho haveria de morrer...com requintes de sadismo e graças a uma extraordinária exibição do guardião algarvio, de nome Isaurindo, o melhor dos 22 em campo! Com efeito, ao ser, apenas, capaz de empatar a dois no Estádio S.Luís, graças aos tentos de Bártolo e de Rola, o conjunto vitoriano acabou igualado com 14 pontos no primeiro posto com os seus dois competidores. Porém, atento a diferença de golos, os salgueiristas foram directamente promovidos ao escalão maior e os bracarenses teriam direito a jogar o playoff contra o penúltimo posicionado da primeira divisão que foi o Sporting da Covilhã.

O sonho do Vitória morria do modo mais doloroso possível... e como escrevia o Notícias de Guimarães, "na última jornada tudo derruiu...As esperanças que tinham acalentado, durante a longa época, ficaram reduzidas a abnegado esforço para a época que há-de seguir." Ainda assim, considerava-se, em tom de lamento, que "em outro qualquer país (os nossos legisladores são excepcionalmente sábios) o Vitória não seria o terceiro do Campeonato Nacional da II Divisão de 1956/57."

O objectivo do regresso iria esperar mais um ano...

 

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