OH ERNESTO...TOCA O HINO!

A história é deliciosa e contada no jornal Sport de 23 de Agosto de 1999 por Manuel Magalhães. Refira-se que o narrador foi dos maiores colectores de factos da história vitoriana, chegando a editá-los nos seus inesquecíveis "Ficheiros Desportivos."

O herói destes factos é outra figura mítica do vitorianismo: Ernesto Paraíso. O primeiro brasileiro a actuar de Rei ao peito chegou a Guimarães para actuar no primeiro ano em que o Vitória jogou na Segunda Divisão, em 1955/56, ficando cá até ao fim dos seus dias em 2011. Como destaque e que, o ajudou a tornar-se um dos grandes ídolos vitorianos, o facto de, na temporada de 1957/58, com o Vitória no segundo escalão, ter sido o melhor marcador de todos os campeonatos nacionais com 48 golos apontados.

Nas três tentativas de regressar ao primeiro escalão ficou na memória um jogo com o Boavista, sempre rival, em 1956/57, decisivo para o apuramento para a fase final.

Com a partida fechada, disputada, com o zero a zero no resultado a estender-se pela segunda metade da contenda, do nada um grito estremeceu a Amorosa: "VITÓÓÓRIAAA....VITÓOORIAAAA...."

Após o grito solitário, o silêncio na bancada, para, novamente, ecoar outro grito, desta vez, em forma de súplica: "Oh Ernesto! Toca o hino...”, como que a dizer, marca um golo e resolve a partida!

Tal súplica fora vertida por Bento Ferreira da Cunha, que, na altura, era conhecido pelo seu modo peculiar de apoiar a equipa. Até que o brasileiro, a nove minutos do final, tocou mesmo o hino. Recebeu a bola proveniente de Barros, correu uns metros com ela controlada e com um chuto de raiva bateu o guardião axadrezado, que, curiosamente, também se chamava Ernesto.

Nos nove minutos finais, os gritos de Vitória não foram de um homem só... toda a bancada empurrou os Conquistadores para o êxito, ainda que Ernesto não voltasse a descobrir o paraíso, colocando o hino a tocar!

O Vitória vencia e o jogo entrava na história...

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