Desde, há muito tempo, que os desafios entre Famalicão e Vitória têm muita história.
O primeiro grande momento da relação entre os dois clubes terá ocorrido no longínquo ano de 1936, no início do campeonato distrital de 1936/37. Assim, depois de brilhantemente a equipa ter triunfado no campeonato de 1934, nos dois anos seguintes, por razões diversas, o título não seria conquistado.
Apenas haveria de volta ao palmarés vitoriano na época de 1936/37, tendo começado esse trajecto com um robusto triunfo perante a equipa famalicense por doze bolas a zero. Para a história, ficou a equipa capaz de conseguir tão substancial goleada: Ricoca; Alberto Augusto, João; José Maria, Zeferino, Lima; Laureta, Pantaleão, Clemente, Virgílio e Bravo.
Era o arranque para um trajecto quase imaculado, que culminou com a conquista do segundo título distrital, que levou a que a equipa, após um empate em Braga, garantisse o segundo título distrital da sua história.
A festa da vitória foi estrondosa. Assim, "no seu regresso a Guimarães, a valorosa equipe do Vitória foi recebida apoteoticamente pela população citadina. Milhares e milhares de pessoas saudaram com inigualável entusiasmo os componentes do nosso team de Honra, tendo-se organizado um extenso cortejo de automóveis que foram aguardar às Taipas.
Alberto Augusto e Amadeu da Costa Carvalho foram levados em triunfo, estralejando no ar foguetes e ouvindo-se os acordes do Hino da Cidade tocado pelas Bandas dos Bombeiros Voluntários e do Pevidém. (...) As manifestações prosseguiram pela noite dentro, com grande regozijo e franca exaltação.”
Porém, o eterno rival, ainda, iria jogar subreptícia cartada para tentar impedir que o título fosse homologado como sendo do Vitória. Assim, resolveu instigar o emblema famalicense para protestar o jogo com o Vitória, algo que até em Famalicão suscitava surpresa.
Citemos o jornal Notícias de Famalicão daqueles dias: " Questões da bola são muito engraçadas. Há dias o nosso clube jogou com Guimarães. Venceram os vimaranenses e justamente. Ganhou o melhor. Passado um ou dois dias, apareceu aqui um indivíduo de Braga que propôs ao Famalicão o protesto, sancionado pelas gentes da terra dos Arcebispos. Os ingénuos famalicenses arriscaram cinquenta escudos com a promessa de “certa” e foram no embrulho com os santos bracarenses que tiveram naturalmente a veleidade de que o nosso club seria capaz de vencer o Victória!...Ora valha-lhes o Longuinhos e aos nossos rapazes Santa Catarina! Uns andam na lua e outros perderam o juízo e cinquenta...paus!”
O Vitória haveria de não dar hipóteses, haveria de triunfar por cinco bolas sem resposta e garantia (finalmente e sem qualquer reparo) o segundo título distrital...ainda que com toda a oposição, dentro e fora dos relvados, dos famalicenses.