“- Amanhã, podes vir na mesma comigo…
- Mas, não vais almoçar com os clientes sportinguistas que vêm de propósito para o jogo?
- Sim, mas como queres ir ao jogo, levo-te… não deverá haver problemas! E, pronto… já sabes, portas-te bem!”
Terá sido, mais ou menos assim, a conversa com o meu pai na véspera daquele jogo com o Sporting naquele Novembro de 1988, logo após o Vitória ter vencido a Supertaça Cândido de Oliveira. O Domingo que ameaçava tornar-se enfadonho, com o parceiro de bancada mais preocupado com o trabalho do que o jogo em si, ganhava novo encanto…
E o encanto começou pelo almoço, empertigado por estar entre adultos, a querer assemelhar-me a eles, ainda para mais no Jordão, que naquela altura era uma experiência… chamemos-lhe diferente, até pelos acepipes frios de entrada que deliciavam qualquer um!
Depois, ala para o jogo… ver aquelas camisolas brancas cheias de motivação pelo primeiro troféu nacional conquistado e que, segundo o Zerozero alinharam com Neno; Nando, Bené, Germano, Nascimento; N’Dinga, Carvalho, René; João Baptista, Chiquinho e Silvino.
Seria este último, um antigo atleta do emblema lisboeta, a decidir o jogo… uma arrancada imparável, num contra-ataque felino, a aparecer isolado perante o malogrado Damas, a fazer a delícia dos vitorianos… estavam cinco minutos de jogo decorridos e a festa começava bem cedo!
Depois foi sofrer… num período que não havia marcadores electrónicos, perguntar constantemente quanto falta! Mas, nesse dia, Neno e o último reduto defensivo dos Conquistadores estava insuperável, aliás como toda a equipa! Tanto é que o Prof. Geninho, aquele homem de farta bigodaça e aspecto bonacheirão, só mexeu na equipa para a refrescar e fazer escoar o tempo.
O Domingo que ia ser enfadonho, na companhia do relato, tornara-se inesquecível… os leões caíam em Guimarães e passados 35 anos (Jesus, quase parece que foi ontem) o jogo está na galeria das minhas partidas inesquecíveis