O Vitória está umbilicalmente ligado a grandes guarda-redes. Seja os que defenderam as cores do clube do Rei, como Jesus, Douglas, Neno, Roldão, Damas, Rodrigues e tantos outros, seja pelos que a sua vida desportiva ficou para todo a sempre ligada aos Conquistadores.
No que toca a estreias de guardiões de outros clubes, três nomes ressaltam à memória. Na Europa do futebol, o neerlandês Van der Sar ao serviço do Ajax e o italiano Gigi Buffon ao serviço do Parma. A nível nacional, merecerá realce a estreia de Vítor Baía, provavelmente o melhor guarda-redes da história do futebol português.
Faz hoje, precisamente, 35 anos. Um Vitória, orientado pelo professor Geninho, após um péssimo início de temporada, em que nos três primeiros jogos do campeonato não tinha conhecido o êxito, não tendo marcado sequer qualquer golo, ainda que tivesse empatado a zero na Luz, recebia o FC Porto num duelo que se antevia difícil.
A alinhar com Neno; Nando, Nené, Germano, Vítor Santos; N'Dinga, Carvalho, Nascimento, Roldão; Ebongué e Caio Júnior, o Vitória encontrou pela frente a equipa, na altura, detentora do campeonato nacional, da Supertaça europeia e da Taça Intercontinental e que se apresentava com um jovem guarda-redes na baliza e em estreia absoluta. Falamos de Vítor Baía, que aproveitando da lesão do polaco Jozef Mlynarczyck e do castigo que Zé Beto haveria de cumprir até ao acidente de viação que o levou do mundo dos vivos, mereceu a titularidade. Tinha, então, 19 anos e começava aí uma carreira meteórica que o fez escrever páginas e páginas da história do futebol português.
O jogo, esse, seria equilibrado, com o Vitória a desperdiçar oportunidades claras de golo, como aquela, logo aos cinco minutos da partida, quando Caio Júnior falhou o mais fácil. Porém, como quase sempre, tem sucedido neste jogos, o Vitória teve queixas da arbitragem. Na verdade, o golo inaugural da partida, obtido pelo portista António Sousa, resultou da repetição de um livre directo, que só o árbitro Veiga Trigo vislumbrou razões para tal situação ocorrer.
Não tremeram os jogadores vitorianos, que haveriam de empatar por intermédio do defesa Germano aos 81 minutos da partida, merecendo o jogador vitoriano a honra de entrar na história como o primeiro atleta a marcar um golo no escalão sénior ao guarda-redes.
No final da partida, Geninho, esse, na antecâmara de se tornar o primeiro treinador da história a erguer um troféu nacional, a Supertaça Cândido Oliveira, mostrava-se satisfeito com a exibição da equipa.
Contudo, este jogo, entraria na história pelas razões supracitadas... foi há 35 anos!