O DESPEDIMENTO DE VÍTOR OLIVEIRA...

Vítor Oliveira era um Senhor do futebol. Um senhor com S grande, capaz de dizer o que pensava e de ser ouvido. Mas, acima de tudo, um profissional exemplar, pleno de êxito, que quando morreu em Novembro de 2020, era conhecido como o "Rei das Subidas", atento à sua capacidade em guiar equipas à promoção ao principal escalão.

Porém, durante uma carreira cheia de sucessos, teve um falhanço. Decorria a temporada de 1995/96 e o treinador, que dera nas vistas no Gil Vicente, foi o escolhido para substituir Quinito, que decidira não permanecer em Guimarães.

Porém, apesar de ter começado o campeonato de modo positivo, tendo inclusivamente eliminado o Standard de Liége nas provas europeias, a verdade é que paulatinamente foi perdendo gás, perante a contestação dos associados que não percebiam que uma equipa que continha nos seus quadros nomes como Zahovic, N'Dinga, Vítor Paneira, Capucho e mais alguns talentos tivesse dificuldades em exprimir o seu talento.

Assim, antes do Natal, uma derrota em Leça, depois de uma exibição frouxa e apagada, activou todos os alarmes, com os sócios a manifestarem-se contra a incapacidade do conjunto em criar oportunidades de golo, em colocar o adversário em dificuldades. Por isso, o ambiente para o treinador tornou-se insustentável... numa semana em que a equipa devia, com tranquilidade, preparar o difícil desafio com o FC Porto.

Nesse dia, o treinador surpreendeu tudo e todos ao deixar Capucho no banco, fazendo entrar Dane que houvera manifestado o seu desagrado por ser suplente. O Vitória a alinhar com Neno; Basílio, Arley, Tanta, Quim Berto; Soeiro, N'Dinga, Vítor Paneira; Dane, Edinho e Zahovic, ainda aguentou a primeira metade, para Edmilson e Domingos na segunda parte ter selado mais uma derrota vitoriana... e o destino de Vítor Oliveira.

Seria despedido, para depois saber-se que o treinador tinha exigido ao presidente, Pimenta Machado, o afastamento de cinco dos jogadores mais capacitados do plantel: Vítor Paneira, Capucho, Dane, Zahovic e Vorkapic. A justificar o inusitado pedido, a suspeita de estes atletas estarem a boicotar o trabalho do técnico, pelo que, segundo o próprio, preferia promover cinco atletas dos escalões jovens. Aliás, já num jogo anterior, em Santo Tirso, que o Vitória empatara a dois, tivera pedido para afastar Vítor Paneira e Zahovic...para depois fazer deles titular nesse desafio e no disputado poucos dias depois, em Camp Nou.

Com um balneário em polvorosa, com vários jogadores a pedirem ao presidente para afastar o treinador, ameaçando mesmo com a rescisão contratual, com os sócios a contestarem de modo vincado o trabalho do treinador, Pimenta Machado não teve outra solução...despediu Vítor Oliveira, num dos poucos trabalhos em que um dos grandes senhores do futebol português foi incapaz de ser feliz. Contingências do futebol!

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