Andava o Vitória de vento em popa no início daquela temporada de 1999/2000.
Com um jovem conjunto de talentos, como Fernando Meira, Pedro Mendes, Rego ou Lixa, até se lesionar, Quinito andava entusiasmado com os seus "meninos", que ainda encontravam regaço na frieza entre os postes de Pedro Espinha, na sobriedade defensiva de Márcio Theodoro ou na voracidade goleadora de Brandão.
Assim, com o Vitória a namorar as competições europeias, chegamos ao derradeiro jogo do milénio, se considerarmos que a viragem para 2000 isso significou. Pela frente, estava um Benfica, orientado por Jupp Heynckes, ainda a curar as chagas do atropelamento que tinha sofrido em Vigo, onde sete golos sem resposta puseram a nu as carências da equipa.
Em Guimarães, contudo, Nuno Gomes, ainda, adiantou os lisboetas no marcador muito cedo na partida. Tal foi o suficiente para libertar os vitorianos que deram um verdadeiro banho de bola, acabando por empatar antes do intervalo por Brandão, para Riva a quinze minutos do final marcar o golo do triunfo... e desencadear a polémica!
Edmilson, no lance que gerou a festa Conquistadora, terá agredido com uma cotovelada o benfiquista Andrade, num lance não descortinado pelo juiz José Pratas, que o impediu de chegar à bola e permitindo a Riva ludibriar Enke para desencadear uma enorme festa vitoriana.
Imediatamente, se indignaram os encarnados clamando pela verdade desportiva, uma realidade sempre que lhes é tão cara...quando se julgam prejudicados! Assim, José Manuel Antunes, vice-presidente dos lisboetas, veio para a imprensa alegar que "a agressão foi nítida. Até eu que estava bem longe me apercebi da agressão. A verdade desportiva foi adulterada", começou por dizer o dirigente dos encarnados, concretizando o seu raciocínio: "Caso a falta tivesse sido assinalada, o Benfica passaria a jogar em superioridade numérica. Como não o foi, viu-se a perder por 2-1. Mais do que isso, ficou com um jogador magoado." Um argumento esfalfado, mas que haveria de surtir efeitos...a título disciplinar!
Assim, a Comissão Disciplinar da Liga tratou de fazer a vontade aos lamentos encarnados, ao punir Edmilson com três jogos de suspensão e 400 contos de multa. Todavia, para o fazer, teve de dar o dito por não dito, pois no início dessa época tinha decidido não recorrer aos meios audiovisuais para decidir sobre castigos. Assim, o tinha feito quando na primeira jornada o boavisteiro Litos agredira a pontapé o, então, portista e futuro vitoriano, Romeu e... durante o desafio que ditou o castigo ao genial brasileiro, quando o checo Poborsky agrediu o lateral esquerdo Tito.
Pimenta, esse, intervindo a título especial no programa Jogo Falado na RTP, haveria de considerar tratar-se de "um tiro de diversão para fazer esquecer a derrota." Porém, Edmilson teria, mesmo, de cumprir pesada pena que ajudou a iniciar a derrocada vitoriana nessa temporada!
