Uma das obras mais relevantes para narrar a história vimaranense trata-se das Memórias Ressuscitadas da Antiga Guimarães. Escritas no século XVII, tiveram de esperar 140 anos para verem a luz do dia.
Divididas em capítulos, começa pela visão macro da criação do mundo até se chegar à criação de Guimarães, apenas, no capítulo 45º de uma história que, durante muitos anos, foi a base para se entender o que sucedeu na cidade até à data da morte do seu autor, o Padre Torcato Peixoto de Azevedo.
Segundo este, no ano de 340 antes de Cristo, no ducado Magapulence, os Vândalos resolveram edificar uma cidade, a que resolveram chamar Vals Maria e que se supõe ter sido fundada por Vuymario. Segundo o escrito na obra, "os Vândalos, juntamente com os Suevos occuparam Galliza, que chegava da parte do Meio-dia até ao Douro (...) E como Guimarães fica no meio do districto entre Galliza, e o Douro, o seu primeiro nome foi Vimarães."
Ora, como o autor explica, as palavras alemãs que começam por W passam para G em Portugal, dando vários exemplos até chegar a Wimaria de onde resultaria Guimaria, e "dahi ficaria Guimarães."
Porém, a verdade é que Guimarães teve outros nomes, "como foram as nações que a ocuparam." "Foi a sua fundação dos Gallos Celtas", seguiram-se os tudertanos que "ali fizeram uma povoação que chamaram Araduca (...) onde agora está situada a villa de Guimarães." Acresce que Araduca queria dizer, "lugar das letras". Outras chamaram-lhe Leobriga, que quererá dizer "cidade forte". Outras denominaram-na de Latica, ou seja, cidade escondida. Outros de Columbina ou Catheleucus. Outras ainda optavam por cidade de Santa Maria, em honra à Nossa Senhora da Oliveira. Por fim, alguns chamavam a cidade de Vimarães, " não porque foi seu fundador Vuimaro, se não por um letreiro que está na torre antiga do seu castello que diz Via Maris."
E, assim, nasceu a cidade vimaranense... sendo que num próximo capítulo, falaremos de Araduca e de como daí surgiu a "nova Guimarães."