Já escrevemos as razões da partida de Mário Wilson do comando técnico do Vitória na temporada de 1978/79.
Um sismo que apanhou o seu adjunto e lendário elemento vitoriano, Daniel Barreto, mas que, acima de tudo, ficou marcado pela Assembleia-Geral que decorreu numa sala polivalente da Escola Preparatória João de Meira, com a presença de dois mil associados e com a duração de cerca de cinco horas.
Nela, o presidente da Direcção Gil Mesquita, começou por lamentar que uma em entrevista ao Jornal A Bola, onde dizia que " segundo o treinador sr. Mário Wilson, eu sou doente, complexado, tenho mau fundo, afastei personalidades, sócios e um médico dedicado do clube, corri com jogadores como Rui Rodrigues e Tito, amigos e familiares, tendo uma clubite marcada por processos maquiavélicos, chegando ao ponto de afirmar que eu iria contratar um jogador que estava para ir para o Sporting de Braga para depois o mandar embora. Em resumo, eu sou o mau da fita e o Sr. Mário Wilson é, apenas, uma jóia.", não houvera sido publicada antes da reunião magna e que haveria de vir a lume no dia onde se relatou o desenrolar da reunião de sócios.
Nela, diria mais, relativamente "a entrevistas com elogios ao sr. Mário Wilson é uma afirmação gratuita, totalmente falsa, pois não há uma entrevista que eu tenha dado com elogios ao ex-técnico, já que só faço a quem os merece..."
Porém, na assembleia, ainda iria mais além, ao dizer que " a falta de organização desse senhor ia a tal ponto que ia para os treinos da selecção, sem deixar nada programado sobre o trabalho da equipa durante a sua ausência. Um dia observei-lhe esse facto e ele rapou de um guardanapo de papel que trazia no bolso e ali traçou o plano de preparação para o treinador-adjunto. Isto era norma dele. Em restaurantes, era sempre assim. Qualquer coisa rapava de um guardanapo e lá estavam as suas indicações escritas.", perante a incredulidade dos presentes.
Seguir-se-iam as intervenções dos associados., sendo que será de destacar a daquele que pretendeu saber como se processou a demissão de Wilson pela direcção. Seria esclarecido de modo claro: "Dos vinte membros que compõe a direcção, compareceram à reunião dezoito. Catorze votaram a favor da demissão, três abstiveram-se e um votou contra. Dos três que se abstiveram, dois eram do departamento do futebol e compreende-se o melindre da situação. O terceiro entendeu que pelo passado do Wilson e do clube, seria de deixá-lo continuar à frente da equipa até ao termo do Nacional." Essa seria a opinião do sócio Pedro Xavier, que haveria de, futuramente, desempenhar funções directivas no Vitória. Segundo o mesmo, não era correcto estar a falar de uma pessoa que não estava presente, que era a primeira vez que se falava dele numa Assembleia e que se o Vitória tivesse ganho ao Braga, garantindo o apuramento europeu, os problemas não se colocavam.
Porém, a maioria dos presentes não pensava assim. Desde a inesquecível intervenção de Joaquim Cosme que, aludindo à má preparação física dos jogadores, considerou que pareciam "mulheres grávidas", responsabilizando, por isso, o treinador por um prejuízo de milhares de contos.
Por fim chegou-se ao momento esperado. Falamos, pois, da deliberação associativa acerca se " Mário Wilson poderá voltar ao clube, mediante decisão prévia favorável em Assembleia-Geral a convocar para o efeito". Esta seria aprovada quase por unanimidade, excluindo-se dois votos contra e uma abstenção.
E, assim, Mário Wilson treinador lendário da década de 70 não
mais pôde treinar o Vitória, jamais sendo revogada tal decisão...