COMO UM PARAQUEDISTA HOLANDÊS DEIXOU ATORDOADOS TODOS AQUELES QUE NÃO O CONHECIAM...

A temporada de 1980/81 era de grandes expectativas. A primeira preparada por Pimenta Machado trazia em si a curiosidade de uma equipa reforçada que esperava dar cartas no campeonato nacional. Essa convicção haveria de ser reforçada, depois de despedir Fernando Peres, e apostar na Santíssima Trindade composta por José Maria Pedroto, António Morais e Artur Jorge para a equipa técnica.

Antes disso, ainda com Peres no banco, seria um holandês, como se chamava na altura, a dar nas vistas. Ton Blanker, contratado ao Ajax onde fora comparado a Cruyff e desejoso de fugir à pressão que lhe colocavam sobre os ombros, seria seduzido pelo empresário Valter Ferreira a tentar ser feliz em Guimarães.

Em boa hora acederia... Assim, na estreia do campeonato nacional a 24 de Agosto de 1980, frente ao Académico de Viseu, o jovem proveniente de Amesterdão a todos surpreendeu, ao ponto do jornal A Bola, no dia seguinte, escrever que "Para-Quedista Blanker é um senhor jogador."

Com efeito, mesmo sem marcar qualquer tento no triunfo por duas bolas a zero -obras de Ferreira da Costa e de Fonseca - a estrela maior foi o jovem jogador que foi considerado que "apareceu - nunca se sabe bem como - em Guimarães e que um colega nosso rotulou, muito rapidamente, de... paraquedista."

Porém, Blanker, talvez, fosse tudo menos que um paraquedista. Bastará atentar no naco de prosa seguinte, demonstrativo do funcionamento da imprensa portuguesa desde sempre: "Pois Blanker, que nunca tínhamos visto jogar, mas de quem já tínhamos ouvido e lido excelentes referências, suplantou em muito o que dele pensávamos. Trata-se,, efectivamente, de um jogador de muita categoria, naquele jeito dos rompedores que o nosso futebol não consegue descobrir e onde a técnica se combina com a força atlética e a velocidade jogo. Um excelente jogador, sem dúvida..."

Assim, nas asas de Blanker viajavam todos os sonhos vitorianos... não seria, assim, tão fácil, mas o avançado dava os primeiros passos para, no final da temporada, tornar-se num dos bons negócios da história vitoriana, mas isso será outra história!

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