René Weber chegou a Guimarães no início da temporada de 1987/88, na ressaca do inesquecível ano de 1986/87.
Viveria, por isso, um ano agónico na sua estreia de Rei ao peito e um mediano, ainda que adocicado com a conquista da Supertaça Cândido Oliveira, antes daquele em que verdadeiramente explodiu e... se lesionou gravemente!
Por isso, os seus dois primeiros anos roçaram a desilusão colectiva, o que o fazia a 14 de Fevereiro de 1989 no jornal do clube, confessar que "penso que os adeptos têm de nos apoiar muito nos jogos em casa onde temos tido mais dificuldades. Os torcedores até hoje só têm cobrado dos jogadores e lhes têm faltado com apoio e compreensão..."
Fundamentava isso, com o facto de "o Vitória não precisa de ganhar por 5-0, por isso não compreendo os apupos que nos fazem quando estamos a vencer por um golo e a trocar a bola na nossa defesa chamando o adversário, tentando abrir um buraco para entrar... Ora estando o Vitória a ganhar por um golo apenas, sentindo algumas dificuldades em penetrar na defensiva contrária, trocando a bola cá atrás, tendo o jogo controlado, porque se exasperam os sócios que nos exigem que nos atiremos ao nosso adversário, sem estratégia, só à força? É que depois vem o contra-ataque e lá sofremos um golo..."
Por essa razão, largaria a frase polémica e bombástica: "Aquele ano bom do Marinho Peres está fazendo um mal terrível ao Vitória."
Justificaria tal asserção dizendo que "é preciso esquecer Marinho Peres e Cascavel, a massa associativa tem de riscar o passado da sua mente. Esse passado vale apenas como uma boa lembrança que se tem em casa e nada mais. Porque se vivermos obcecados com a ideia de que tudo terá de ser sempre igual acabamos por perder tudo." Embalado, daria o exemplo do Botafogo, referindo que "foi um grande clube nos anos sessenta na época de Garrincha. O Garrincha acabou e a torcida não se tornou adulta lembrando apenas aquele grande jogador como boa recordação dum passado honroso. Pois de grande clube, o Botafogo virou time pequeno. Os sócios do Vitória querem que isso aconteça?"
Curiosamente, o Botafogo haveria de ser o clube da vida de René, já como treinador-adjunto antes de falecer em 2020. Porém, essas palavras levariam a uma curiosa reflexão: valerá a pena lembrar o passado para fazer melhor no futuro ou simplesmente servirá de travão para continuar a crescer? Aceitar-se-ão, provavelmente, as duas teses...