Quando chegamos ao ano de 2003, já o Vitória olhava para o Moreirense, o vizinho concelhio, como uma espécie de besta negra. Na verdade, os Cónegos já tinham eliminado os Conquistadores por três vezes da Taça de Portugal, tendo dois destes desaires vitorianos ocorridos no D. Afonso Henriques e o último em 2000/01, na estreia de Álvaro Magalhães, na vila vimaranense por inusitados quatro a três.
Por isso, quando o Moreirense ascendeu à Liga Nacional na temporada de 2002/03, os piores pesadelos vitorianos tinham razões para se materializarem. Estes temores ganharam, ainda mais, razão de ser quando no primeiro encontro das duas equipas, na primeira volta, em Felgueiras, as equipas empataram a um, de pouco valendo o golo inaugural de Fangueiro.
Desse modo, na segunda volta da prova, pela primeira vez na sua história, o Vitória deslocou-se a Moreira de Cónegos em desafio a contar para o campeonato. Tratava-se de um jogo importantíssimo para ambas as equipas, já que os verdes e brancos, orientados por Manuel Machado, precisavam de pontos para a manutenção, enquanto os pretos e brancos de Augusto Inácio sonhavam com a conquista de um belo quarto posto, ainda que estivessem em crise por não vencerem há cinco partidas...que iria soar a uma "vitória de Pirro", atento o facto de essa posição não garantir, nesse ano, qualquer apuramento europeu.
A alinhar com Palatsi; Ricardo Silva, Cléber, Rogério Matias; Abel, Rui Ferreira, Pedro Mendes, Hugo Cunha, Rubens Júnior; Fangueiro e Romeu, o conjunto vitoriano embrenhou-se numa partida arduamente disputada, palmo a palmo, centímetro a centímetro de terreno. Bastará atentar ao que foi escrito no Notícias de Guimarães dessa altura, que referiu que tratou-se de "uma partida onde houve de tudo, emoção a jorros e golos, apenas lamentar a altercação por parte dos adeptos do Vitória, que não aceitaram a marcação de uma grande penalidade. A Polícia de Intervenção teve que actuar, tendo dois adeptos de receber assistência no Hospital de Guimarães."
Entraria, porém, melhor o Vitória na partida graças ao tento inaugural de Romeu, ainda, na primeira parte, naquela que foi a sua época mais produtiva de Rei ao peito. Porém, tal não haveria de significar que o Vitória teve uma tarde descansada, já que no início da segunda metade Afonso Martins igualaria a contenda...para de seguir falhar uma grande penalidade apontada por Nuno Almeida, que gerou a indignação vitoriana como supra escrevemos, mas que, simultaneamente, serviu para espicaçar o orgulho dos Conquistadores. Tal seria, pois, o dínamo para o golo do triunfo vitoriano, graças a Rubens Junior, que fez rejubilar de alegria todos os vitorianos, principalmente a centena que se deslocou do centro da cidade até à vila de bicicleta!
O Vitória regressava aos triunfos e finalmente vencia o vizinho concelhio... já não era sem tempo!